No sábado (11), o presidente dos Estados Unidos anunciou novas tarifas de 30% para a UE. A medida está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Ursula Von der Leyen em 20 de março de 2025
Reuters/Yves Herman/File Photo
A UE estenderá a suspensão das medidas contra o tarifaço dos Estados Unidos até o início de agosto, visando uma solução negociada para o comércio com Washington, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, neste domingo (13).
A declaração de Von de Leyen é feita um dia após o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçar impor uma tarifa de 30% sobre as importações da União Europeia a partir de 1º de agosto.
Essas tarifas seriam impostas separadamente das tarifas setoriais, apesar de meses de intensas negociações.
Anunciando a extensão da suspensão das medidas retaliatórias, von der Leyen disse a repórteres que o bloco “continuará a preparar novas contramedidas para que estejamos totalmente preparados”.
Um primeiro pacote de contramedidas às tarifas americanas sobre aço e alumínio, que atingiriam 21 bilhões de euros (US$ 24,6 bilhões) em produtos americanos, foi suspenso em abril por 90 dias para dar tempo às negociações.
A suspensão expiraria na segunda-feira.
Um segundo pacote está em andamento desde maio e teria como alvo 72 bilhões de euros em produtos americanos, mas essas medidas ainda não foram divulgadas e a lista final precisa da aprovação dos Estados-membros.
Von der Leyen acrescentou que o uso do Instrumento Anticoerção da UE ainda não estava em discussão.
“O instrumento (anticoerção) foi criado para situações extraordinárias, ainda não chegamos lá”, disse ela.
O instrumento permite que o bloco imponha retaliações contra países terceiros que exerçam pressão econômica sobre os membros da UE para que mudem suas políticas.
Possíveis medidas retaliatórias podem incluir a restrição do acesso ao mercado da UE para bens e serviços e outras medidas econômicas relacionadas a áreas como investimento estrangeiro direto, mercados financeiros e controles de exportação.
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Notificações
Até o momento, pelo menos 25 notificações já foram enviadas pelo republicano a seus parceiros comerciais. Veja a lista de países ao final desta reportagem.
Na carta enviada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Trump afirmou que a carta demonstra a “força e o compromisso” dos Estados Unidos em continuar suas relações comerciais com o bloco europeu, apesar dos déficits comerciais registrados pelo país.
“Tivemos anos para discutir nossa relação comercial com a União Europeia e concluímos que devemos nos afastar desses déficits comerciais persistentes e prolongados, causados por políticas tarifárias e não tarifárias da União Europeia. Nosso relacionamento tem sido, infelizmente, longe de ser recíproco”, afirma o republicano na carta.
Nesse caso, além de definir a taxa em 30%, com vigência a partir de 1º de agosto, o presidente norte-americano também afirmou que os produtos transbordados — ou seja, que são reexportados para outro país —estarão sujeitos à tarifa mais elevada e reivindicou a abertura dos mercados europeus para os EUA.
A taxação vem após o republicano afirmar que caminhava nas negociações com a UE. Segundo já indicado pela liderança do bloco, a expectativa é que a União Europeia feche um acordo bilateral com os Estados Unidos antes de 1º de agosto, com concessões para setores de exportação considerados importantes — como aeronaves, equipamentos médicos e bebidas alcoólicas.
Países repercutem a carta de Trump
Em resposta à carta de Trump, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que as tarifas estabelecidas em 30% podem interromper cadeias de suprimento transatlânticas essenciais, “em detrimento de empresas, consumidores e pacientes de ambos os lados do Atlântico” — uma vez que a UE exporta uma quantidade significativa de medicamentos e produtos farmacêuticos para os EUA.
“A UE tem priorizado consistentemente uma solução negociada com os EUA, refletindo nosso compromisso com o diálogo, a estabilidade e uma parceria transatlântica construtiva”, afirmou a presidente do bloco, destacando que poucas economias no mundo se igualam ao nível de abertura e adesão às práticas comerciais justas como o bloco.
“Seguimos prontos para continuar trabalhando em direção a um acordo até 1º de agosto. Ao mesmo tempo, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger os interesses da UE, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário”, acrescentou.
O gabinete da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que Roma apoia plenamente os esforços da Comissão Europeia que devem ser intensificados nos próximos dias, e reiterou que é “fundamental manter o foco nas negociações”, uma vez que a maior polarização pode fazer com que seja mais difícil chegar a um acordo.
Já o primeiro-ministro holandês disse que as tarifas impostas pelos EUA são “preocupantes”, indicando que a taxação não era o caminho a seguir.
“A Comissão Europeia pode contar com o nosso total apoio. Como UE, devemos permanecer unidos e determinados na busca de um resultado com os Estados Unidos que seja mutuamente benéfico”, completou.
Já do lado do México, o ministério da economia do país afirmou que recebeu a carta dos EUA sobre as novas tarifas e reiterou que segue negociando com os EUA. “Grupo de trabalho buscará alternativa antes de 1º de agosto para proteger empresas e funcionários”, disse em nota oficial.
Com as cartas enviadas ao México e à União Europeia, o presidente norte-americano já enviou notificações a outros 23 líderes globais, com taxas mínimas que as nações terão que pagar a partir de 1º de agosto caso não firmem um acordo comercial com os EUA.
Entre as 23 nações que receberam as cartas, o Brasil ficou com a taxa mais alta, com 50%. A menor tarifa foi anunciada para as Filipinas (20%).
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