Tarifaço de Trump: o que são tarifas de importação? Quem paga? Para que servem? Veja perguntas e respostas


Quem se deu bem e quem se deu mal entre as exceções do tarifaço de 50% de Trump
Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, em janeiro, Donald Trump prometeu “taxar países estrangeiros para enriquecer” os norte-americanos.
Mas afinal, quem se beneficia com as tarifas de importação? Quem realmente paga por elas? E qual é a finalidade dessas cobranças?
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O g1 conversou com especialistas e explica abaixo com base nas seguintes perguntas:
O que são tarifas de importação?
Quem paga pelas tarifas?
Para onde vai o dinheiro das tarifas?
Por que Trump aplicou tarifas a tantos países?
As tarifas vão prejudicar a economia do Brasil?
1. O que são tarifas de importação?
As tarifas de importação são impostos cobrados sobre produtos que vêm de outros países. Elas têm como objetivo proteger o mercado interno e estimular o consumo de produtos fabricados no próprio país.
Segundo Luciano Nakabashi, professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), esse imposto nem sempre é utilizado, mas, quando aplicado, funciona como uma forma de controlar a entrada de produtos do exterior.
“O país que está importando geralmente aplica tarifas na entrada de um produto para proteger seus próprios produtores, que já pagam impostos internamente, e também para aumentar a arrecadação”, afirma o professor.
Os produtos feitos dentro de um país também são taxados, como no caso de impostos sobre bens e serviços. Por isso, o país que importa aplica tarifas para equilibrar a concorrência com os produtores locais.
As tarifas, portanto, servem para regular o mercado. Muitos países que têm foco em exportações reduzem os impostos sobre o que é vendido para fora, com o objetivo de estimular as vendas externas e tornar seus produtos mais competitivos no mercado internacional.
2. Quem paga pelas tarifas?
Os países têm autonomia para definir os impostos que cobram — seja sobre pessoas físicas, empresas, exportações ou importações. No caso do imposto de importação, cada governo decide qual será a alíquota (percentual ou valor fixo) aplicada.
Na prática, isso funciona da seguinte forma:
💸 Se uma empresa estiver importando, por exemplo, um carro por R$ 100 mil e houver uma tarifa de 25%, ela pagará R$ 25 mil de imposto, por unidade.
⚠️ É importante deixar claro: quem paga esse imposto NÃO é o país exportador. A tarifa é responsabilidade da empresa importadora, localizada no país que decidiu aumentar a cobrança.
Segundo Carla Beni, economista e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), quem acaba pagando esse imposto é o consumidor, que terá que lidar com preços mais altos em produtos como carne, carros, máquinas de lavar e outros itens importados.
“Quando uma empresa recebe a mercadoria, ela precisa pagar o imposto ao próprio governo. E, então, ela tenta repassar esse custo ao distribuidor, ao varejo e ao consumidor final. Quem realmente paga imposto é a pessoa física”, explica.
As tarifas fazem com que os produtos importados fiquem bem mais caros e percam competitividade em relação a produtos semelhantes vindos de outros países ou fabricados dentro dos EUA.
No caso específico das tarifas anunciadas pelo governo Trump, houve um aumento nos impostos que antes eram zero e passaram a ser cobrados com alíquotas de até 50%.
Tarifas amplas (como as que Trump impôs a vários países) tornam uma grande variedade de produtos mais cara, especialmente aqueles que os EUA não conseguem produzir, como o café brasileiro.
3. Para onde vai o dinheiro das tarifas?
O imposto de importação é regulatório e federal, ou seja: qualquer aumento da alíquota gera uma arrecadação imediata para o governo, neste caso, para os EUA.
“Então, quando o governo americano sobe a alíquota do imposto de importação, ele vai aumentar as receitas dele, vai entrar mais dinheiro no tesouro americano”, afirma a economista Carla Beni.
4. Por que Trump aplicou tarifas a tantos países?
Desde a campanha, Trump tem defendido uma agenda econômica conservadora e protecionista para os EUA, a maior economia do mundo.
O protecionismo é uma estratégia que busca fortalecer a economia interna de um país, limitando a concorrência de produtos estrangeiros. Isso pode acontecer de diversas formas e em diferentes níveis, inclusive com a redução das importações.
Como não é fácil substituir produtos importados — e os importadores geralmente repassam os custos mais altos aos consumidores —, economistas alertam que o tarifaço pode aumentar a inflação nos EUA.
A ideia de Trump é que, antes que os preços subam muito, o aumento nas tarifas ajude a reforçar os cofres do governo dos EUA, garantindo investimentos no país e permitindo cortes de impostos para empresas americanas.
O presidente dos EUA também tem usado o tarifaço como ferramenta de pressão política. Como mostrou o g1 em dezembro, a ameaça tarifária é uma estratégia antiga e conhecida de Trump para tentar vantagens em negociações bilaterais.
Um exemplo é a tarifa imposta ao Brasil, que está ligada a uma suposta perseguição jurídica contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo a Casa Branca.
O decreto foi adotado em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. O ministro Alexandre de Moraes também foi citado nominalmente. (veja a íntegra do texto)
5. As tarifas vão prejudicar a economia do Brasil?
A tarifa de 50% sobre o Brasil é a mais alta entre as anunciadas por Trump. As tarifas afetam diretamente setores como café, carne bovina, frutas, pescado e mel.
Mas o governo dos EUA deixou quase 700 itens de fora. A extensa lista de exceções inclui suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (31), em entrevista ao Mais Você, que o governo já tem um plano praticamente pronto para proteger empregos e apoiar os setores mais impactados pelo aumento das tarifas dos EUA.
“Ninguém vai ficar desamparado.”, garantiu o ministro ao responder a perguntas sobre os impactos da medida.
Segundo Alckmin, os efeitos variam conforme o nível de dependência de cada empresa em relação ao mercado americano. As medidas de apoio envolvem ajuda financeira, alívio tributário e acesso ao crédito para os setores mais atingidos. (saiba mais aqui)
Alckmin afirmou ainda que o governo está fazendo um mapeamento detalhado para identificar o grau de exposição de cada setor e atuar de forma mais específica.
Alguns governos estaduais decidiram agir por conta própria para reduzir os impactos do tarifaço. Pelo menos cinco estados (SP, MG, PR, RS e GO) já anunciaram pacotes emergenciais.
Infográfico – Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1

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