Suco de laranja escapa do tarifaço de 50%; setor é dependente das vendas para os EUA


Suco de laranja
Azerbaijan_stockers/Freepik
O suco de laranja e a castanha do Brasil são os únicos alimentos a entrarem na lista de exceções da tarifa de 50% em cima de produtos exportados do Brasil aos EUA.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) o decreto que determina uma sobretaxa de 40% nas vendas brasileiras para o país. Essa sobretaxa é somada ao imposto de 10% determinado em abril.
Com a exceção dada aos dois alimentos, entre outros produtos, fica valendo a taxa de 10% imposta em abril por Trump, segundo Leonardo Munhoz, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Bioeconomia.
No caso da laranja, há ainda uma tarifa fixa de US$ 415 (equivalente a R$ 2.316,61) por tonelada do suco brasileiro.
Com lavouras dizimadas, os Estados Unidos são dependentes do suco de laranja brasileiro: quase metade dos 3 milhões de litros de suco consumidos por lá vem do Brasil.
De mesmo modo, sem as exportações para os norte-americanos, o setor brasileiro previa perdas de até R$ 4,3 bilhões ao ano. Isso porque os americanos compram 41,7% do volume exportado, perdendo apenas para a União Europeia, com 52%.
A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) já havia manifestado que não seria possível encontrar substitutos para os EUA para encaminhar essa oferta.
Pior safra da laranja em 40 anos nos EUA
Os EUA tornaram-se mais dependentes das importações de suco de laranja nos últimos anos devido a um declínio acentuado na produção doméstica, por causa de furacões, períodos de temperaturas muito baixas e da doença greening.
O greening afeta os pomares e diminui a qualidade e a produtividade da fruta. Ele é causado por uma bactéria, que, por sua vez, é disseminada por um inseto.
O estado da Flórida é o mais afetado. Ele representa 90% do suco de laranja americano. Os prejuízos por lá causaram uma retração de 28% na produção do país na safra 2024/2025.
Os preços do suco de laranja vêm enfrentando altas seguidas. A lata de 473 ml atingiu o preço recorde de US$ 4,49 em fevereiro deste ano (equivalente a R$ 24,84).
E a situação pode piorar: a próxima colheita deve ser a menor desde 1986, quando começou a série histórica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Sem os brasileiros, o diretor da CitrusBR acredita não haver outro país que possa suprir a necessidade dos norte-americanos. Apesar disso, o México concorre com o Brasil pelo mercado, aponta o Itaú BBA.
Por outro lado, produção no Brasil cresce
A safra brasileira de laranja 2025/2026 deve ser maior do que 36% do que a passada, gerando um crescimento de 8% na produção de suco.
Apesar de o Brasil também ter sido atingido pelo greening, o avanço da doença diminuiu nesta safra e o clima melhorou, o que deve resultar também em frutas de melhor qualidade.
O Brasil deve responder por cerca de 70% da produção mundial de suco neste ano, segundo o Itaú BBA. Com isso, vai recuperar parte dos estoques, que são os menores das últimas quatro décadas.
Produção de suco de laranja nos EUA e no Brasil
Arte g1
O declínio nas safras anteriores fez com que até mesmo frutas de qualidade inferior fossem usadas no processamento, aponta o Itaú BBA.
Com a reposição e sem o mercado americano, o Brasil pode não ter para onde escoar tanto suco.
“É muito ruim. É um efeito que vem para toda a cadeia. Pega as indústrias, pega o produtor, pega todo mundo. Ninguém está a salvo dos efeitos disto”, afirma Netto.
Raio X da exportação
arte g1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *