
Mais de mil pessoas são lesadas em pirâmide financeira que usava apartamentos na planta como garantia
A Polícia Civil de São Paulo investiga um suposto esquema de pirâmide financeira que teria deixado mais de mil pessoas no prejuízo e movimentado cerca de R$ 200 milhões, segundo estimativas de advogados das vítimas.
A empresa investigada é a Neoin Incorporadora, que prometia lucros altos e imóveis como garantia, mas não entregou os empreendimentos nem devolveu o dinheiro aos investidores (veja vídeo acima).
Obras paradas e prédios inacabados são hoje o retrato do que, para muitas famílias, virou um pesadelo. A Neoin se apresentava como uma incorporadora “com propósito e ideal de transformação”, nas palavras do empresário Daniel Bernal, apontado como o principal responsável pelo negócio.
A empresa lançou oito empreendimentos e vendia, além de apartamentos na planta, um tipo de investimento que prometia rendimentos mensais de 2% sobre o valor aplicado — acima da média do mercado. Em caso de falha do negócio, o contrato previa a entrega de um imóvel pronto como compensação.
No início, os pagamentos foram feitos, o que animou investidores a aportar mais dinheiro. Teve gente que vendeu casa e carro para aplicar novamente. Mas, segundo relatos, os depósitos pararam em abril deste ano.
“Começaram a falar que o mercado estava ruim quando a gente sabe que o mercado tá bom”, contou o aposentado Maurício Lopes, uma das vítimas.
Ao ser cobrado pelos pagamentos, Bernal respondia com ameaças.
“Se você ficar nessa de querer me ameaçar, fazer graça, você vai ficar o último da fila, meu querido, igual ao Jefferson. O Jefferson vai morrer de fome, meu querido. Nós temos patrimônio para pagar. Só precisa ter um pouco de paciência”, disse a uma das vítimas, citando um homem que teria perdido R$ 700 mil.
A Neoin investia pesado em marketing digital, promovendo eventos e festas luxuosas para atrair novos clientes. Vídeos mostram Bernal em palestras e celebrações com taças de espumante, reforçando a imagem de sucesso. Para a polícia, o padrão é típico de esquemas de pirâmide: os primeiros investidores recebem lucros pagos com o dinheiro dos novos, até que o sistema desaba.
“A pirâmide financeira funciona no início. Eles começam trazer novos investidores. Só que isso uma hora a pirâmide corrompe quando começa a parar de entrar novos investidores. Toda pirâmide financeira ela tem algum produto atrelado, só que esse produto é irreal, não vai ser entregue, que foi o que aconteceu aqui com a Neoin”, explica o delegado Rodrigo Costa.
Daniel Bernal e quatro sócios da Nelin são investigados por crimes contra a economia popular, estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os passaportes foram apreendidos, e os bens, bloqueados por decisão judicial.
A defesa de Bernal nega qualquer tipo de fraude e atribui as perdas a “má gestão”. “Daniel é um mau administrador, mas de forma nenhuma uma pessoa desonesta”, afirmou o advogado dele.
Investidores acusam incorporadora de São Paulo de fraude; polícia estima prejuízo de R$ 200 milhões
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