Laurent Freixe (à esq.) foi demitido por manter um relacionamento secreto com uma funcionária; Philipp Navratil (dir.) assume
Nestlé/ Divulgação
A Nestlé informou nesta segunda-feira (1º) que Laurent Freixe, então CEO da empresa, foi demitido após uma investigação interna revelar que ele mantinha um relacionamento amoroso com uma funcionária que estava sob sua supervisão direta. Philipp Navratil, executivo com mais de 20 anos de experiência na Nestlé, assume o cargo.
Segundo comunicado da Nestlé, a conduta viola o Código de Conduta da empresa, que proíbe relacionamentos hierárquicos para evitar conflitos de interesse.
📎 No Brasil, a legislação não proíbe relacionamentos no ambiente de trabalho, mas regras internas podem restringir situações hierárquicas ou impactar a produtividade. (veja abaixo o que diz a lei)
A investigação foi conduzida pelo presidente do conselho da Nestlé, Paul Bulcke, e pelo diretor independente Pablo Isla, com o apoio de advogados externos. Segundo Bulcke, a decisão foi difícil, mas necessária.
“Os valores e a governança da Nestlé são fundamentos sólidos da nossa companhia. Agradeço a Laurent por seus anos de serviço”, disse o presidente.
Novo CEO
O novo CEO da multinacional é Philipp Navratil. Ele ingressou na empresa em 2001 como auditor interno e, desde então, ocupou diversos cargos de liderança em diferentes países.
Navratil liderou operações em Honduras e México, coordenou a estratégia global das marcas Nescafé e Starbucks e, mais recentemente, esteve à frente da Nespresso, acelerando o crescimento da empresa.
Em janeiro de 2025, Navratil integrou o conselho executivo da Nestlé e agora assume o cargo de CEO.
De acordo com o conselho, a substituição do CEO não deve mudar os rumos da empresa. O objetivo é manter o plano de crescimento em andamento e continuar priorizando eficiência.
“Philipp é reconhecido por conseguir entregar resultados mesmo em ambientes desafiadores. Estamos confiantes de que ele vai impulsionar nossos planos de crescimento sem perder o ritmo”, disse Bulcke.
Em seu primeiro pronunciamento como CEO, Navratil disse estar “honrado” com a confiança recebida e prometeu dar continuidade ao trabalho da empresa.
“É um privilégio assumir a responsabilidade de liderar a Nestlé rumo ao futuro. Estou ansioso para trabalhar em alinhamento com o conselho e intensificar a criação de valor”, afirmou.
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Como ficam os relacionamentos entre colegas?
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não proíbe relacionamentos afetivos entre colegas de trabalho.
A intimidade e a vida privada são direitos garantidos a todos os brasileiros, e restringir um namoro pode ser considerado abusivo, contrariando os princípios da dignidade humana e da proteção à vida pessoal previstos na Constituição Federal de 1988.
“Proibir que as pessoas se apaixonem é inconstitucional e fere os direitos fundamentais da personalidade. Mas é possível estabelecer regras sobre o comportamento dos funcionários em decorrência do namoro, para não prejudicar a produtividade”, afirma a advogada Cristina Pena.
“Como precaução, o código de ética pode estabelecer normas para evitar situações que prejudiquem a imagem institucional”, acrescenta a advogada.
Nesse contexto, as regras podem proibir que funcionários em relacionamento amoroso atuem no mesmo setor ou mantenham relações hierárquicas diretas. Também pode ser exigido que o casal evite demonstrações de intimidade no ambiente de trabalho.
O advogado Ronaldo Ferreira Tolentino, porém, alerta que regulamentar comportamentos fora do ambiente de trabalho pode ser visto como invasão de privacidade, mesmo quando envolve dois funcionários da mesma empresa.
“Regulamentar fora do ambiente empresarial, ainda que seja entre dois funcionários da empresa, é a companhia se metendo na intimidade dos empregados”, afirma.
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