INSS: governo investiga uso de criptomoedas para ocultar desvios e avalia extinguir desconto em folha


Suspeita do uso das criptomoedas foi apontada pelo ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias. Prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
O governo federal investiga se entidades e associações usaram criptomoedas para ocultar o desvio de dinheiro de beneficiários na fraude do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A suspeita do uso das criptomoedas foi apontada pelo ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias, em entrevista na manhã desta terça-feira (20).
Segundo o ministro, a AGU pediu o bloqueio de bens de entidades associativas investigadas. Junto a este pedido, também foi solicitado o rastreio do dinheiro.
“No pedido de bloqueio que nós fizemos na semana retrasada nós solicitamos ao juízo que seja feito um rastreio a partir de corretoras de criptomoedas para entender por onde esse recurso passou caso tenha sido utilizado”, diz Jorge Messias.
Na mesma entrevista, Messias também afirmou que o governo estuda extinguir esse desconto em folha para abastecer entidades.
Segundo o chefe da AGU, há uma avaliação de que o risco “não compensa”.
“Nesse momento, nós temos uma série de instrumentos financeiros – PIX, conta bancária – que as entidades podem se valer para interagir diretamente com os seus associados e ter o seu desconto. Nesse momento, o governo está refletindo o risco e, digamos assim, os elementos de controle para ver o caso ou não de manter esse modelo”, afirmou.
“Aparentemente, há uma avaliação de que o risco e a fragilidade do sistema não compensam. Enfim, neste momento a gente está sendo muito cuidadoso, mas é possível que o governo tenha uma informação sobre isso em breve”, disse.
Como funcionava o esquema de fraude
Fraude no INSS: AGU pede bloqueio de bens de 12 entidades associativas
A Polícia Federal (PF) afirma que associações que oferecem serviços a aposentados cadastravam pessoas sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS.
O prejuízo pode chegar a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido após uma operação policial em abril, que levou ao afastamento de servidores e à prisão de seis suspeitos ligados às entidades investigadas.
Pagamento de propina e entidades de fachada
O ministro Jorge Messias afirma que as investigações apontam dois tipos de grupos de entidades que faziam fraudes.
👉 O primeiro grupo é composto por entidades envolvidas com pagamento de propina a servidores públicos. Jorge Messias diz que o esquema se trata de um “ato de corrupção” e que seis servidores já foram identificados e afastados.
👉 O segundo grupo é de entidades de fachada. “São entidades que não têm sede social, não tem vida associativa, que não prestam nenhum tipo de serviço a nenhum aposentado e pensionistas. Sim, são entidades fantasmas”, diz o ministro.

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