Os integrantes mais velhos da chamada Geração X, que abrange os nascidos entre 1965 e 1980, começam a completar 60 anos – e a chegar à velhice. “Nem eles estão acreditando nisso!”, afirma, bem-humorada, Kerry Hannon, que acaba de lançar Retirement bites (algo como A aposentadoria morde, referindo-se aos desafios financeiros de quem está saindo do mercado de trabalho), em coautoria com Janna Herron. Ao contrário da geração anterior, a dos baby boomers, que desfrutavam de empregos mais estáveis – e, principalmente nos Estados Unidos, de contribuições patronais para a previdência privada – a Geração X enfrentou grandes mudanças sociais e nas relações de trabalho.
Geração X chega aos 60 anos imersa na insegurança financeira
Lars Gustav para Pixabay
“Essa é uma geração sem a rede de proteção dos mais velhos e que não teve tanto acesso à educação financeira, hoje amplamente disponível para os mais jovens. Pior: foi bombardeada com cartões de crédito e se endividou bastante. Agora tem filhos e, com frequência cada vez maior, cuida de pais idosos”, explicou Hannon em entrevista on-line.
Autora de diversos livros sobre transição de carreira, ela diz que se preparar para a aposentadoria significa não apenas construir uma poupança, mas também descobrir como se manter ativo:
“O pior é simplesmente esperar que a aposentadoria aconteça em sua vida. Aos 60, temos pelo menos mais duas décadas pela frente. É preciso aprimorar nossas habilidades, aprender novas e realizar uma transição de carreira. Essa é uma forma de retardar a saída definitiva do mercado e preservar a reserva financeira que vai nos proteger no fim da velhice. Nem todos amam o que fazem, por isso mesmo é importante examinar o cenário. O que você gostaria de fazer? O que gostaria de ter feito? E começar a se preparar”.
O primeiro passo, ensina, é fazer uma análise aprofundada do orçamento, para eliminar o que é supérfluo. Em seguida, dar início a uma poupança, ainda que seja uma quantia pequena por mês. No entanto, alerta: em caso de dívidas com cartão de crédito, é prioridade é quitá-las.
Kerry Hannon, que acaba de lançar “Retirement bites”, livro sobre a necessidade sobre como garantir uma reserva para a velhice
Divulgação
“É indispensável se interessar pelas opções de investimentos e não ignorar as questões associadas à longevidade: quanto tempo devo viver, que estilo de vida quero ter? As mulheres continuam encarando os mesmos obstáculos de gerações anteriores. Com salários menores e interrupções na carreira para cuidar dos filhos, não conseguem economizar. Há um número significativo delas que, na faixa dos 80, ficam viúvas, têm gastos altos com saúde e são empurradas para a pobreza. Sempre enfatizo: ninguém pode alegar que não gosta de números ou que finanças são um assunto chato. Estamos falando da sua vida!”
A inteligência artificial pode ajudar a calcular o montante de um bom pé de meia. Perguntei a um assistente de IA qual deveria ser a reserva de uma pessoa de 60 anos para garantir retiradas mensais de dez mil reais até os 90 anos, considerando uma rentabilidade conservadora de 3% ao ano – equivalente à da poupança. O valor estimado, de R$ 2.8 milhões, é inatingível para a maioria. O que só torna os conselhos de Hannon ainda mais relevantes.
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