A LiveBC desta segunda-feira (12/8) celebrou os cinco anos de Open Finance, que já soma mais de 100 milhões de autorizações de compartilhamento de dados e de pagamentos e conecta 65 milhões de contas, movimentando cerca de R$1,2 bilhão por mês em pagamentos no Brasil. Durante cerca de uma hora, o Chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor) do Banco Central (BC), Mardilson Queiroz, falou sobre a evolução do ecossistema desde seu lançamento em 2020 e dos benefícios que já estão disponíveis.
Veja como foi a LiveBC #44 aqui.
O que é Open Finance?
De forma simples, Mardilson explicou que o Open Finance é um conjunto de padrões técnicos que permite que um banco se comunique com outro. O ecossistema surgiu para viabilizar que o próprio cliente pudesse exercer a autonomia e o controle sobre seus próprios dados, em alinhamento com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
“O Open Finance já é uma realidade e vai continuar crescendo e se expandindo”, destacou.
O chefe do Departamento de Regulação elencou, durante o programa, o que já está em funcionamento quando falamos de Open Finance: “Existe a possibilidade de levar dados de um banco para outro e também é possível realizar pagamentos ou transferências usando a infraestrutura do Open Finance, por exemplo, ao trazer dinheiro de uma conta em outro banco por meio de transferências inteligentes, como quando falta saldo em uma conta; de agendamentos recorrentes, como transferência recorrente de recursos (mensal), com valor fixo; do Pix por aproximação, que vincula a conta bancária à carteira do Google Pay; e do Pix Automático”.
Em breve, segundo ele, também haverá a possibilidade de fazer uma portabilidade de crédito por meio do Open Finance, de forma mais ágil e eficiente.
Benefícios
Mardilson Queiroz listou na live os benefícios do Open Finance até aqui:
- melhor gerenciamento financeiro, com a possibilidade de visualização de todas as contas num único lugar;
- melhor gestão de portifólio (investimentos);
- maior possibilidade de comprovação de renda, inclusive do trabalho informal;
- maior customização e eficiência nos processos de crédito, com análise de crédito mais acurada e processo de portabilidade mais eficiente, o que resulta em produtos e serviços mais adequados ao perfil do cliente e até com a possibilidade de taxas mais baixas; e
- maior conveniência na realização de pagamentos com Pix – pagamentos sem sair do aplicativo; Pix por aproximação em lojas físicas; pagamento com Pix em lojas on-line de forma mais conveniente, sem copia e cola; e Pix Automático para pagar por serviços recorrentes.
Onde encontrar esses benefícios?
Segundo Mardilson, o BC incentiva a oferta ampla de produtos e serviços baseados no Open Finance, porém a decisão de oferecer esses produtos fica a critério de cada instituição participante, sendo assim o cliente tem que consultar o que o seu banco está oferecendo.
Contudo, ele ressalta que: “Se eu quero levar meus dados do Banco X para o Banco Y, o Banco Y pode ou não ofertar essa possibilidade de receber dados pelo Open Finance, mas o Banco X é obrigado a permitir que o cliente leve seus dados ou seu dinheiro para outra instituição pelo Open Finance”.
Números
Mardilson destacou que o Open Finance é um ecossistema complexo: “Mas estamos mais rápidos que outros países que implementaram modelos similares”.
Ele afirmou que, em termos de chamadas de API (sigla em inglês para interface de programação de aplicações), os números seguem aumentando de forma acelerada: “Chegamos a ter semanas com mais de quatro bilhões de chamadas mais recentemente”.
Somente no mês de julho, segundo Mardilson Queiroz, foram feitos 4,5 milhões de pagamentos pelo Open Finance: “É um dos ecossistemas de maior sucesso no mundo em termos de abrangência, número de instituições participantes e adesão das pessoas”.
Desafios
Ao elencar os desafios superados nos últimos cinco anos de Open Finance, Mardilson destacou o constante crescimento de adesão das pessoas, a maior eficiência dos serviços dos bancos, o amadurecimento do ecossistema e o fato de ele ter se tornado referência mundial.
Futuro
Ao falar do futuro do Open Finance, ele citou a portabilidade de crédito, salário e investimento, bem como o marketplace de crédito, como exemplos da possibilidade do ecossistema dar maior fluidez, eficiência, simplicidade e mobilidade dos serviços e produtos, tendo o cliente no controle.
“Espera-se também uma melhoria do nível de performance das instituições e, para isso, é importante ressaltar o papel do monitoramento do ecossistema, tanto pela Estrutura de Governança quanto pelo Banco Central”, frisou. “Além de uma integração cada vez maior com outras soluções do BC, assim como já ocorre com o Pix e também com outras tecnologias e tendências, caso de inteligência artificial e tokenização”, emendou.