Na véspera, a moeda norte-americana avançou 0,29%, cotada a R$ 5,5188. A bolsa de valores encerrou em alta de 0,45%, aos 137.165 pontos. Israel x Irã: cessar-fogo entra no segundo dia após disputa de versões sobre vitória
O dólar abriu a sessão desta quarta-feira (25) oscilando entre alta e baixas. A moeda tinha alta de 0,05% às 09h02, cotada a R$ 5,5224. As negociações do Ibovespa, por sua vez, só começam a partir das 10h.
▶️A trégua entre Irã e Israel entrou no segundo dia nesta quarta-feira, após ambos os países confirmarem o fim do conflito, na véspera. A notícia volta a trazer fôlego para os mercados, abrindo espaço para um maior apetite por risco e para um ajuste nos preços do petróleo após as fortes variações dos últimos dias.
▶️ A proximidade do fim do prazo de suspensão do tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, também segue no radar dos investidores. Washington ainda busca concluir acordos com seus principais parceiros. Na terça-feira, o jornal britânico “Financial Times” informou que a União Europeia prepara tarifas retaliatórias para garantir melhor acordo comercial com o republicano.
▶️ Nesse sentido, o mercado também monitora novas falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, que deve falar ao Senado norte-americano nesta quarta. Na véspera, o banqueiro central afirmou que a instituição ainda espera para ver quais serão os efeitos das tarifas nos preços norte-americanos antes de baixar os juros do país.
Powell tem sido duramente criticado por Trump, que continua a pedir por cortes nos juros do país — ainda mais depois de a instituição ter mantido as taxas inalteradas na última semana pela 4ª vez consecutiva. Na véspera, o republicano chamou o banqueiro central de “burro” e “teimoso”.
▶️ No Brasil, os impasses do governo com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) voltam a ficar no radar. Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos) a Casa deverá voltar o Projeto de Lei que derruba a alta do imposto nesta quarta-feira.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,11%;
Acumulado do mês: -3,48%;
Acumulado do ano: -10,69%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: +0,04%;
Acumulado do mês: +0,10%
Acumulado do ano: +14,03%.
Fim do conflito no Oriente Médio
O cessar-fogo entre Irã e Israel entrou no segundo dia nesta quarta-feira. Ambos os países declararam o fim do conflito na véspera, o que deve trazer uma nova sessão positiva de negócios para os mercados acionários.
As bolsas de valores asiáticas, por exemplo, tiveram mais um dia de alta generalizada, com investidores monitorando a estabilidade da trégua no Oriente Médio e repercutindo as últimas falas de Powell. (Entenda mais abaixo)
Já na Europa, os índices acionários estavam mistos, conforme o mercado avaliava discussões sobre um aumento dos gastos militares para países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Por fim, os preços do petróleo operavam em leve alta, em ajuste após as fortes quedas vistas nos últimos dias.
Os confrontos entre Israel e Irã começaram em 13 de junho. Militares israelenses lançaram uma operação para destruir alvos nucleares iranianos, e Teerã retaliou com mísseis contra cidades como Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.
Os bombardeios causaram mais de 240 mortes e milhares de feridos, segundo dados oficiais. Instituições independentes, no entanto, estimam que o número real pode ser ainda maior. O conflito também penalizou os mercados globais, em meio a temores da guerra e seus possíveis efeitos no transporte de petróleo.
Guerra comercial e efeitos nos juros
Com os ânimos mais calmos no Oriente Médio, as atenções do mercado se voltam, agora, para a guerra comercial impulsionada pelo tarifaço de Trump. A suspensão de 90 dias anunciada pelo republicano está chegando ao fim, e investidores seguem na expectativa pelo anúncio de novos acordos por parte dos EUA.
Na véspera, o jornal britânico “Financial Times” informou que a União Europeia prepara tarifas retaliatórias para garantir melhor acordo comercial com o republicano. Já o Paquistão afirmou que as negociações comerciais com os norte-americanos serão concluídas na próxima semana.
Nesse sentido, a falta de uma definição sobre as tarifas dos EUA contra seus principais parceiros comerciais continua a preocupar investidores.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global.
Com isso, as novas falas do presidente do Fed, Jerome Powell, continuam no radar. Na terça-feira, o banqueiro central voltou a reforçar que o Fed vai esperar novos estudos para saber eventuais impactos do tarifaço de Trump na inflação norte-americana antes de definir os rumos das taxas de juros do país.
“Os aumentos de tarifas neste ano provavelmente elevarão os preços e pesarão sobre a atividade econômica”, afirmou Powell durante depoimento perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA. Nesta quarta-feira, o banqueiro central falará ao Senado norte-americano.
Os sinais do Fed de que deve manter as taxas de juros inalteradas até que os efeitos do tarifaço na inflação fiquem mais claros tem gerado fortes críticas por parte do presidente norte-americano, Donald Trump.
Na terça-feira, o republicano chamou Powell de “burro” e “teimoso” em suas redes sociais.
“Deveríamos estar pelo menos dois a três pontos abaixo”, afirmou Trump, em uma publicação nas redes sociais antes da participação de Powell na audiência. Ele também disse esperar que “o Congresso realmente acabasse com essa pessoa muito burra e teimosa”.
Os recados do Copom
Por fim, o mercado continua a repercutir a ata da última reunião do Copom, divulgada ontem. Segundo analistas, o tom do documento foi brando (“dovish”, no jargão do mercado), trazendo a expectativa de que os efeitos dos juros elevados ainda devem chegar na economia, desacelerando a atividade ao longo dos próximos meses.
Além disso, apesar de reconhecer que a inflação está melhor no curto prazo, o Banco Central (BC) continuou a chamar a atenção para as projeções de alta dos preços pelo mercado, destacando as incertezas que ainda existem no cenário internacional.
Na semana passada, o comitê elevou a Selic para 15% ao ano, o maior nível em quase duas décadas. Em julho de 2006, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa estava em 15,25% ao ano.
🔎 Juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters