Na quinta-feira, a moeda norte-americana recuou 0,50%, cotada a R$ 5,6664. Já a bolsa fechou em queda de 0,25%, aos 138.534 pontos. Notas de dólar
Karolina Grabowska
O dólar inicia o pregão desta sexta-feira (30) com os investidores à espera da divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no 1º trimestre de 2025. Além disso, seguem monitorando as decisões do governo sobre o aumento do IOF e a reviravolta judicial nos Estados Unidos sobre o tarifaço do presidente americano Donald Trump.
▶️ O principal destaque da agenda econômica de hoje no Brasil é a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do 1º trimestre de 2025. Os resultados ajudam a medir a força da economia brasileira e podem influenciar decisões do Banco Central (BC) sobre os juros no país. (leia mais abaixo)
▶️ Além disso, os investidores seguem monitorando o impasse do governo em relação ao aumento do IOF. O Congresso já avalia 20 propostas para derrubar a medida, mas o ministro Fernando Haddad diz que, sem os R$ 20 bilhões previstos com a elevação do imposto, será necessário realizar novos cortes no Orçamento.
▶️ No exterior, o foco é a reviravolta judicial envolvendo as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em abril. Na quarta-feira, a Justiça americana bloqueou a maior parte do tarifaço e os mercados reagiram bem, diante da diminuição do risco de inflação (entenda mais abaixo). No entanto, no dia seguinte, o Tribunal de apelações dos EUA restabeleceu as medidas.
▶️ Paralelamente, um encontro entre Trump e o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, também movimentou o mercado. Durante a reunião, Trump disse que Powell está cometendo um “erro” ao não reduzir as taxas de juros do país, enquanto o Fed reafirmou o compromisso de guiar suas decisões com base em dados econômicos.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,36%;
Acumulado do mês: -0,19%;
Acumulado do ano: -8,31%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,51%;
Acumulado do mês: +2,57%;
Acumulado do ano: +15,17%.
Divulgação do PIB
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar nesta sexta-feira (30), às 9h, o PIB do Brasil no 1º trimestre de 2025. Os analistas esperam um crescimento de 1,4% no período, e resultados acima ou abaixo do esperado podem mexer com o mercado financeiro.
Nos últimos meses, o Banco Central tem elevado consecutivamente a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 14,75%, o maior patamar em quase 20 anos.
🔎 A estratégia busca conter a inflação, já que juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo e os investimentos. Com menos dinheiro circulando na economia, a tendência é que os preços cresçam em um ritmo mais lento.
Nesse cenário, o desempenho do PIB ganha ainda mais relevância. Se o resultado vier acima do esperado, o mercado pode interpretar que o BC terá que manter os juros altos por mais tempo — ou até aumentá-los ainda mais — para conter a atividade econômica e segurar a inflação.
Por outro lado, um crescimento mais fraco pode sinalizar que a política de juros já está surtindo efeito, abrindo espaço para cortes na Selic no futuro.
Impasse do IOF
O governo federal tem enfrentado forte pressão para revogar o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), um tributo federal cobrado pelo governo sobre uma série de operações que envolvem dinheiro, principalmente empréstimos e câmbio. (leia mais)
A medida foi anunciada na semana passada, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano, com o objetivo de equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
Desde então, a oposição e alguns parlamentares da base têm se articulado para derrubar a medida com um Projeto de Decreto Legislativo (PDL). Até agora, já foram apresentadas 22 propostas deste tipo: 20 na Câmara e 2 no Senado.
Nesta quinta, inclusive, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou ao blog da Andréia Sadi que o ambiente no Congresso é favorável à derrubada do decreto. “Se pautar [a derrubada], sem dúvida”, afirmou.
Do outro lado, o ministro Fernando Haddad diz que a revogação não está em discussão no momento. Na noite de quarta-feira, ele se reuniu com Hugo Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para explicar as consequências fiscais da eventual queda do decreto.
Segundo ele, sem os R$ 20 bilhões esperados com a alta do IOF, o governo teria de promover novos cortes no Orçamento.
“Em nenhum momento se discutiu revogação da medida. O que está sendo discutido é como tratar o tema com responsabilidade, olhando para o equilíbrio fiscal e institucional do país”, disse o ministro.
Horas antes, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, havia admitido que a equipe econômica iria se “debruçar sobre alternativas” que possam substituir o aumento do imposto.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, chegou a afirmar que a avaliação do setor financeiro é que o equilíbrio das contas públicas “não deve vir de aumento de impostos, sobretudo regulatórios [como o IOF]”.
Tarifaço de Trump
O Tribunal do Comércio Internacional havia bloqueado, na noite desta quarta-feira (28), a maioria das tarifas impostas por Donald Trump desde janeiro a mais de 180 países.
Na decisão, os magistrados afirmam que o presidente excedeu sua autoridade ao impor, com base em uma lei de poderes emergenciais, taxas generalizadas sobre produtos importados de diversos países.
🔎 O bloqueio era visto de forma positiva pelos investidores, que entendem que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global.
Assim, com o alívio da guerra tarifária, Wall Street subiu e o dólar americano se fortaleceu.
“Esta decisão é um acontecimento importante e enfraquecerá o poder de barganha de Trump em suas negociações em andamento com os principais parceiros comerciais dos EUA”, disseram analistas do Banco Nacional do Kuwait em nota.
“Se a decisão for mantida, será um grande acontecimento positivo para os EUA e a economia global.”
Mas a decisão não foi mantida. A Corte de Apelações do Circuito Federal dos EUA restabeleceu o tarifaço. A nova decisão atendeu ao pedido da Casa Branca para suspender temporariamente a decisão de um tribunal inferior, que anulava a maioria das tarifas impostas pelo presidente.
O governo Trump havia informado ao tribunal que buscaria uma “medida de emergência” na Suprema Corte já na sexta-feira, caso a decisão sobre as tarifas não fosse rapidamente suspensa.
Tarifaço de Trump volta a valer após tribunal aceitar recurso