Copom vê efeito positivo da queda do dólar na inflação, mas segue sinalizando juro alto por período bastante prolongado

O Banco Central avaliou nesta terça-feira (23) que a queda recente do dólar e a desaceleração do ritmo de crescimento da economia contribuem para o controle da inflação, que já mostra sinais positivos, mas observou que as projeções para os preços nos próximos anos ainda seguem acima da meta.
Por outro lado, informou que a inflação de serviços tem se mantido mais resiliente (resistente) por conta de um “mercado de trabalho que segue dinâmico” e a uma atividade que tem apresentado moderação gradual.
“Para além das variações dos itens, ou mesmo das oscilações de curto prazo, os núcleos de inflação têm se mantido acima do valor compatível com o atingimento da meta há meses, corroborando a interpretação de uma inflação pressionada pela demanda e que requer uma política monetária contracionista [juro alto] por um período bastante prolongado”, diz o Banco Central.
As informações constam na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição, realizada na semana passada, quando a taxa básica de juros da economia foi mantida estável em 15% ao ano. Esse é o maior nível da taxa Selic em quase 20 anos.
Como as decisões são tomadas
🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções de inflação estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Com a inflação ficando seis meses seguidos acima da meta em junho, o BC teve de divulgar uma carta pública explicando os motivos.
Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o primeiro trimestre de 2027.
Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 4,83% (com estouro da meta), 4,29%, 3,9% e em 3,7%. Ou seja, acima da meta central de 3%, buscada pelo BC.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *