Caderneta de poupança tem saída de R$ 15,4 bilhões em 2024, melhor resultado em quatro anos

Menor retirada de recursos da caderneta de poupança acontece em cenário de melhora da economia, com queda do desemprego e crescimento robusto do nível de atividade. Com alta dos juros, analistas apontam atratividade de investimentos em renda fixa. Recursos continuaram saindo da ponpança no ano passado, mas em menor quantidade.
Dany Kurniawan/Pexels
As retiradas de recursos das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 15,44 bilhões em todo ano de 2024, informou nesta quarta-feira (8) o Banco Central (BC).
De acordo com a instituição, em 2024:
os depósitos somaram R$ 4,17 trilhões;
as retiradas totalizaram R$ 4,21 trilhões.
A saída de valores da poupança em 2024 foi menor que a do ano anterior – quando mais de R$ 87,8 bilhões deixaram a modalidade de investimentos.
Esse também foi o melhor resultado, em termos de captação (saída ou retirada de valores) desde 2020, quando foi contabilizado o ingresso de US$ 166 bilhões na poupança.
Naquele ano, houve forte ingresso de recursos na poupança por conta do pagamento do auxílio emergencial durante a fase mais aguda da pandemia da Covid-19.
Mesmo com a retirada de recursos da poupança no último ano, o estoque dos valores depositados, ou seja, o volume total aplicado, registrou aumento para R$ 1,03 trilhão.
Em dezembro de 2023, o volume total somou R$ 983 bilhões. O aumento aconteceu por conta dos rendimentos creditados nas contas dos poupadores.
Cenário da economia
A menor retirada de recursos da caderneta de poupança aconteceu em um cenário de melhora da economia no último ano, com queda do desemprego e crescimento robusto do nível de atividade.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês passado, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,1% no trimestre terminado em novembro.
Pelo segundo mês seguido, o país atingiu a menor taxa de desocupação de toda a série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
Ao mesmo tempo, indicadores do nível de atividade seguiram mostrando aquecimento econômico. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano passado, mostrou crescimento de 0,9%.
Esse foi o 13º resultado positivo consecutivo do indicador. O Brasil cresceu tanto quanto a China no período, só ficando atrás de Indonésia e México no G20.
As perspectivas para o crescimento neste ano, entretanto, são menores diante do aumento de gastos públicos e da disparada do dólar, fatores que têm levado o Banco Central a subir a taxa de juros. Analistas projetam uma expansão da economia de 3,5% em 2024, e de 2% neste ano.
Os números do Banco Central mostraram estabilidade no endividamento da população, que seguiu em quase 48% da renda comprometida nos últimos doze meses.
A comparação foi de outubro deste ano, contra dezembro de 2023. A inadimplência das pessoas físicas também ficou estável em 3,7% em novembro de 2024, mesmo valor do fechamento de 2023.
Retiradas da poupança superaram os depósitos em 2024

Rendimento da poupança
A caderneta de poupança segue com rendimento limitado. Isso ocorre porque, com as regras vigentes, quando a taxa Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados).
De acordo com analistas ouvidos pelo g1, o retorno da poupança tem perdido para outras aplicações em renda fixa.
Eles apontaram que investimentos no Tesouro Direto, em CDBs e também CDIs têm registrado melhor desempenho em um cenário de alta dos juros básicos da economia, e que a renda fixa deve continuar atrativa em 2025.
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Em relatório para investidores, a XP recomenda títulos públicos atrelados ao IPCA, com vencimentos intermediários (com cerca de cinco anos de prazo). Sugere, ainda, a compra de títulos pós-fixados, isto é, atrelados ao CDI.
Atualmente, a taxa Selic, definida pelo Banco Central para tentar conter a inflação, está em 12,25% ao ano. Esse é o maior nível desde novembro de 2023 e, em termos reais, está entre os juros mais altos do mundo.
E o Banco Central já indicou que vai subir mais ainda a taxa no começo deste ano, o que já gerou reflexo na curva de juros futura, utilizada como referência pelo mercado financeiro.
Segundo analistas, o aumento de gastos e a disparada do dólar têm contribuído para impulsionar as expectativas de inflação do mercado e do Banco Central.
Em análise divulgada em dezembro do ano passado, o UBS avaliou que, com a perspectiva de juros mais altos por mais tempo, o mercado brasileiro de ações deve seguir sofrendo a concorrência de taxas de juros mais altas e apresentar a mesma dificuldade de desempenho que apresentou em 2024.
“Assim, a alocação em renda variável não é uma prioridade nesse momento e entramos 2025 com alocação em níveis neutros para padrões históricos e reconhecemos a dificuldade dessa classe desempenhar diante da concorrência de juros no Brasil e de desempenho excepcional das bolsas dos Estados Unidos”, diz o UBS, no documento.

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