O Banco do Brasil ainda registra uma inadimplência persistente no crédito voltado ao agronegócio, afirmou a presidente-executiva, Tarciana Medeiros, nesta quarta-feira. Ela destacou, no entanto, que há expectativa de redução nos índices, diante de medidas adotadas para reduzir riscos e melhorar os resultados.
“Estamos observando essa inadimplência resiliente agora, mas com algumas notícias muito boas…com previsão de arrefecimento e de controle do crescimento dessa inadimplência”, afirmou em evento do banco em Nova York.
No fim de junho, a inadimplência no setor atingiu 3,49%, ante 1,32% no mesmo período do ano anterior.
“Continuaremos observando uma deterioração na carteira de crédito, principalmente vinda da carteira do agronegócio…vocês devem esperar um terceiro trimestre semelhante ao segundo”, reafirmou o vice-presidente de gestão financeira, Geovanne Tobias, no evento a analistas e investidores.
“Os números do terceiro trimestre tendem a ser semelhantes aos do segundo, mas, a partir do quarto trimestre, esperamos uma estabilização da inadimplência na carteira do agronegócio”, acrescentou, citando medidas regulatórias e governamentais anunciadas recentemente como parte do apoio para essa visão.
Às 13h31, as ações do Banco do Brasil subiam 0,4%, negociadas a R$ 22,21. No mesmo momento, o Ibovespa registrava queda de 0,2%.
Tarciana reforçou que o BB é o “banco do agro” e continuará sendo e que tem trabalhado muito na seletividade na originação de crédito para o segmento, assim como em outras áreas.
A executiva disse que a estratégia neste ano e em 2026 é mais direcionada para concessão de recursos controlados, mas com “cuidado muito grande” para buscar a revitalização e a recomposição da capacidade de pagamento dos produtores.
“Vamos descontar em recursos controlados, mas também vamos ajudar o nosso produtor a renegociar suas dívidas com o banco e a recompor a sua capacidade de pagamento.”
A executiva citou que o BB também tem trabalhado com alienação fiduciária, mas sem desprezar as demais garantias, citando o conhecimento sobre o cliente e o modelo de trabalho que ajudou a criar uma carteira de R$405 bilhões no segmento rural. A alienação fiduciária já representa metade das novas contratações no segmento produtor rural.
“No agro, por exemplo, eu continuo desembolsando, mas eu troco a minha garantia por uma garantia reconhecidamente mais robusta”, afirmou o vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do BB, Felipe Prince.
A executiva também destacou que o BB reduziu o apetite para concessão de crédito a produtores rurais na safra atual, enquanto reforçou a esteira de cobrança, dentro da estratégia para atacar a inadimplência do produtor rural. “Esse passo de recuperação já está bastante acelerado.”
A apresentação do BB preparada para o evento, divulgada mais cedo, mostrou que o banco teve aumento no percentual de desembolso com vinculação de garantia real de imóvel no segmento agro na safra 2025/2026, para 60%, de 31% na safra 2024/2025.
Ajuste
Tarciana reiterou que 2025 tem sido um dos anos mais desafiadores da história do BB. “É um ano de ajustes para alicerçar o crescimento do banco”, afirmou durante a apresentação a analistas e investidores em Nova York.
A presidente do BB citou que o banco está fazendo um ajuste tático da operação como um todo, com a adoção de medidas voltadas à mitigação de riscos. “Temos uma nova matriz de resiliência e toda concessão de crédito, em qualquer um dos pilares, passa por ela…Nós fizemos uma revisão completa das nossas esteiras de cobrança…Isso fez uma diferença muito grande para nós.”
De acordo com a executiva, o BB tem observado neste ano “uma qualidade muito grande” na concessão de crédito da safra de 2025.
A executiva também citou o uso intensivo de inteligência artificial no processo de concessão de crédito e reafirmou que o banco reforçou sua atuação judicial nas cobranças para garantir a sustentabilidade das operações.
Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil
Dani Fechine/g1
Banco do Brasil ainda vê inadimplência resiliente em agro, mas projeta estabilização no 4º trimestre
