O Banco Central informou nesta terça-feira (11) que o cenário para a economia tem de desenrolado conforme o esperado e que já tem uma “maior convicção” de que a taxa de juros atual é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.
A informação consta na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, ocorrida na semana passada, quando a taxa básica de juros foi mantida estável em 15% ao ano – o maior nível em quase 20 anos. Foi a terceira manutenção seguida do juro neste patamar.
“Endossando o cenário esperado do Comitê até aqui, há uma moderação gradual da atividade em curso, certa diminuição da inflação corrente e alguma redução nas expectativas de inflação”, informou o Banco Central.
🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.
➡️Não há, porém, uma indicação de quando a taxa Selic pode começar a ser reduzida. O mercado financeiro projeta o início do ciclo de corte dos juros básicos da economia a partir de janeiro de 2026.
“Mantém-se a interpretação de uma inflação pressionada pela demanda e que requer uma política monetária contracionista por um período bastante prolongado”, informou.
E acrescentou:
“O Comitê seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar apropriado. Reafirmou-se o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”, acrescentou a autoridade monetária.
Desaceleração da economia
O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país.
A explicação é que, com um ritmo menor de crescimento, há menos pressões inflacionárias, principalmente no setor de serviços.
➡️Na ata da última reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira (11), o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo.
➡️Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.
“O Comitê reforça que o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta”, informou a instituição, na ata da última reunião do Copom.
Mudanças no Imposto de Renda
O Copom também informou, na ata de sua última reunião, que já incorporou em seus cálculos uma estimativa preliminar do impacto da medida de ampliação da isenção do Imposto de renda, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional, com validade a partir de janeiro do próximo ano.
Com a ampliação da faixa de isenção do IR para até R$ 5 mil por mês, e redução do imposto para quem recebe até R$ 7,35 mil, estimula o Produto Interno Bruto (PIB), mas, por outro lado, pode pressionar a inflação.
“O Comitê considera que tal estimativa é bastante incerta e acompanhará os dados para calibrar seus impactos. Esta opção por uma postura conservadora e dependente de dados é reforçada por exemplos recentes de medidas, fiscais e creditícias, que se conjecturava que poderiam levar a uma discrepância em relação ao cenário delineado, mas não provocaram divergências relevantes em relação ao que se esperava”, informou o Banco Central.
Como o Banco Central atua?
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções de inflação estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo foi fixado em 3% e será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Com a inflação ficando seis meses seguidos acima da meta em junho, o BC teve de divulgar uma carta pública explicando os motivos.
Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo trimestre de 2027.
Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 4,55% (com estouro da meta), 4,20%, 3,8% e em 3,5%. Ou seja, acima da meta central de 3%, buscada pelo BC.
Na ata do Copom, o BC observou que as projeções de inflação seguem acima da meta de 3% para os próximos anos.
“As expectativas de inflação, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes seguiram trajetória de declínio, mas permanecem acima da meta de inflação em todos os horizontes”, informou.
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