Café brasileiro: USP aponta baixa de até 11% nos preços em setembro; saiba o que pressiona cotações


Café robusta
Globo Rural/Tv Globo
Após altas entre junho e agosto, os preços no mercado do café brasileiro registram queda de até 11% na segunda quinzena de setembro de 2025, segundo levantamento mais recente do Centro de Pesquisas da Esalq-USP, o Cepea, no campus da Piracicaba (SP), divulgado nesta quarta-feira (24).
Expectativas de chuvas e de que tarifaço seja retirado explicam movimento nos preços. Entenda, abaixo, os motivos elencados para o movimento de retração nas cotações.
📉Entre 15 e 22 de setembro, o Indicador Cepea/Esalq do café arábica no posto na capital paulista, caiu 10,2%, fechando a R$ 2.133,08 a saca de 60 quilos na última segunda-feira (22).
Para o café robusta, o Indicador Cepea/Esalq, a retirar no posto de Espírito Santo, recuou 11,1% de 15 a 22 de setembro, fechando a R$ 1.313,22 a saca de 60 quilos.
“A pressão vem da expectativa de chuvas mais expressivas nas regiões produtoras do Brasil, da realização de lucros e da liquidação de posições de compra na Bolsa de Nova York (ICE Futures), após fortes altas, além da possibilidade de que as tarifas dos Estados Unidos sobre o café sejam retiradas”, elencam fatores os pesquisadores do Cepea.
Apesar da retração nas cotações, o Centro de Estudos da Esalq-USP, indica que os preços seguem em patamares elevados.
“Ainda influenciados pela oferta restrita, pelos estoques reduzidos e pelo fato de o café brasileiro estar, até o momento, sobretaxado nos EUA”, detalham.
Café produzido no Sul de Minas Gerais
Reprodução / EPTV/Arquivo
Oferta restrita e alta de preços
Os preços do café brasileiro registraram alta na última semana de agosto de 2025. O término da safra demonstrou, segundo o Centro de Estudos, volume limitado e restrições no beneficiamento na produção da commodity.
Além disso, as imposições tarifárias dos EUA, um dos principais destino das exportações do grão, também provocam variações de preços.
Agosto
📈A colheita da safra do café, tipo robusta, já se encerrou e as cotações se mantém em alta. De acordo com levantamento do Centro de Estudos, o indicador Cepea/Esalq para o grão registrou aumento de 43% na medição parcial de agosto, até está última segunda-feira (25), na praça de Espírito Santo.
☕A saca do café robusta de 60 quilos fechou em R$ 1.469,43 no último dia 25 de agosto.
Para o café arábica, as atividades de campo estão praticamente finalizadas, e as cotações também registram avanços significativos, de acordo com o Centro de Pesquisas.
O Indicador Cepea/Esaq do café arábica no posto na capital paulista subiu 26,3% em agosto e a saca com 0 quilos fechou a R$ 2.287,56.
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“Pesquisadores explicam que o impulso vem sobretudo do estoque bastante ajustado. Ressaltam que o término da colheita evidenciou perdas no beneficiamento e o limitado volume de produção no Brasil”, aponta o Cepea.
Além disso, o tarifaço dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras de café segue trazendo volatilidade ao mercado nacional, ainda conforme o Cepea.
Redirecionamento de mercados
O setor cafeeiro brasileiro é tomado pela incerteza diante do anúncio da tarifa de 50% feita pelos Estados Unidos, principal destino das exportações do grão, sobre os embarques do café. A medida, que entraria entrou em vigor no último dia 6 de agosto.
Em análise feita pelo Cepea no fim de julho, o centro de estudos indicou que o Brasil pode ser forçado a redirecionar parte da produção nacional a outros mercados.
Quem se deu bem e quem se deu mal entre as exceções do tarifaço de 50% de Trump
“O que exige agilidade logística e estratégia comercial para mitigar os prejuízos à cadeia produtiva nacional”, aponta.
Café, carne bovina e frutas frescas ainda estão entre os itens mais expostos à medida de Trump.
“Diante da representatividade do Brasil nas importações de café dos EUA, o Cepea avalia que a eventual entrada em vigor da tarifa tende a impactar não apenas a competitividade do café nacional, mas também os preços ao consumidor norte-americano e a formulação dos blends tradicionais, que utilizam os grãos brasileiros como base sensorial e de equilíbrio”, aponta o Cepea.
📝No dia 30 de julho de 2025, o presidente Donald Trump assinou um decreto que elevou em 40 pontos percentuais a alíquota sobre produtos brasileiros.
O documento também apresenta uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
📈Alguns setores brasileiros conseguiram escapar da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, enquanto outros foram diretamente atingidos pela medida, como é caso da carne bovina, café e frutas.
Os pesquisadores do Cepea apontam ainda que preços domésticos do café têm acompanhado os movimentos das Bolsas de Nova York e Londres, com oscilações associadas à atuação especulativa de fundos.
“Isso que vêm ampliando suas posições compradas diante da possibilidade de aumento das cotações, caso a tarifa entre em vigor”, aponta o Centro de Estudos da Esalq-USP.
“Até o momento, não indícios claros de que os valores internos estejam recuando exclusivamente em função da medida tarifária”, aponta o Cepea.
Taxação do café brasileiro pelos EUA preocupa produtores
Reprodução EPTV
Embarques 🛳️
Em 2024, o Brasil respondeu por aproximadamente 23% do total comprado pelos EUA, em valores monetários, de acordo com estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC, na sigla em inglês).
A Colômbia representou cerca de 17% do total das importações norte-americanas, enquanto o Vietnã contribuiu com aproximadamente 4%.
Arábica e robusta ☕
Pesquisadores lembram, ainda, que, no segmento do café arábica, em que o Brasil também lidera os embarques aos EUA, a Colômbia, principal concorrente, permanece isenta da nova tarifação.
Quanto ao robusta, o Vietnã negocia a aplicação de uma alíquota reduzida de 20%, frente aos 46% inicialmente previstos.
Mercado do café analisa possível impacto do ‘tarifaço’ de Trump para a produção no Sul de Minas
Reprodução EPTV
☕Café: o impacto no setor cafeeiro é estrutural, alerta o Cepea.
“Como os EUA não produzem café, a elevação do custo de importação compromete diretamente a viabilidade econômica da cadeia interna, que envolve torrefadoras, cafeterias, indústrias de bebidas e redes de varejo”, analisa.
“A exclusão do café do pacote tarifário é não apenas desejável, mas estratégica, tanto para a sustentabilidade da cafeicultura brasileira quanto para a estabilidade da cadeia de abastecimento norte-americana”, destaca Renato Ribeiro, pesquisador de café do Cepea.
No curto prazo, apesar de a safra 2024/25 ter assegurado boa capitalização aos produtores, a comercialização da safra 2025/26 avança lentamente, apontam pesquisadores do Cepea.
Com a queda nas cotações e a instabilidade externa, os produtores têm vendido volumes mínimos para manter o fluxo de caixa, postergando negociações maiores à espera de definições sobre o cenário tarifário.
Persistem também incertezas quanto às importações brasileiras de frutas frescas, tanto em volume quanto em origem, frente à nova conjuntura global.
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Arte/g1
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