Trump durante reunião com líderes europeus e Zelensky na Casa Branca
ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta segunda-feira (15) o nome de Stephen Miran, aliado de Donald Trump, para a diretoria Federal Reserve (Fed), o banco central americano. O aval dos parlamentares, após votação apertada (48 a 47), amplia a influência de Trump sobre a instituição.
A decisão encerrou um processo rápido, iniciado em agosto, quando Adriana Kugler renunciou inesperadamente ao cargo de diretora do Fed. A saída de Kugler abriu uma vaga no conselho de sete membros, permitindo que Trump nomeasse alguém mais favorável a cortes de juros — medida que ele vem defendendo ao longo de todo o ano.
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A senadora republicana Lisa Murkowski, do Alasca, foi a única a votar contra Miran entre os membros de seu partido. Normalmente, a confirmação de um indicado ao Fed pelo Senado leva meses, mas, no caso de Miran, todo o processo durou menos de seis semanas.
Após a conclusão da papelada e da posse, Miran participará da reunião de política monetária de dois dias do banco central, que começa na terça-feira. Espera-se que os formuladores de política do Fed aprovem uma redução de um quarto de ponto percentual para apoiar o mercado de trabalho em enfraquecimento, ao final da reunião, na quarta-feira.
Analistas preveem que Miran possa discordar da decisão da política monetária, defendendo um corte maior, embora não necessariamente do nível de vários pontos percentuais que Trump vem exigindo.
Como chefe do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, Miran afirmou repetidamente que acredita que as pesadas tarifas de importação de Trump não causarão inflação e que outras políticas do presidente, incluindo a repressão à imigração, reduzirão a demanda por moradia e ajudarão a conter pressões amplas sobre os preços.
Como novo membro do conselho do Fed, Miran terá responsabilidades que vão além da votação sobre juros. Os governadores normalmente participam de comitês que cuidam de supervisão e regulamentação financeira, bancos comunitários, além de decisões sobre pessoal e orçamento do sistema do Fed e de seus 12 bancos regionais.
Miran manterá seu cargo na Casa Branca, mas ficará em licença não remunerada enquanto estiver no Fed, com mandato até 31 de janeiro. Ele, no entanto, poderá permanecer indefinidamente se um sucessor para sua vaga ainda não tiver sido escolhido e confirmado.
Democratas criticam o arranjo, acusando-o de transformar Miran em um “fantoche” de Trump, o que ele nega.
Outros dois governadores do Fed nomeados por Trump em seu primeiro mandato — Michelle Bowman e Christopher Waller — discordaram da política monetária na reunião de 29 e 30 de julho, defendendo medidas mais suaves. Analistas afirmam que dados do mercado de trabalho mais fracos do que o esperado desde então podem levá-los a discordar novamente em setembro, defendendo um corte maior do que o quarto de ponto percentual já precificado pelos mercados financeiros.
Uma discordância tripla de governadores do Fed não ocorre desde 1988, no início do mandato do ex-presidente do Fed, Alan Greenspan.
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