Derrota do governo na MP de compensação do IOF impôs desafio
O dólar inicia a sessão desta sexta-feira (10) em queda. Por volta das 09h05 a moeda americana recuava 0,21%, cotada a R$ 5,3637. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h.
Em um dia de agenda econômica mais enxuta no Brasil, os investidores voltam os olhos para dados internacionais e movimentações políticas que podem influenciar os mercados. Enquanto o cenário doméstico digere os efeitos de decisões recentes, os Estados Unidos concentram atenção com indicadores de confiança e falas de autoridades monetárias.
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▶️ No Brasil, o IPP de agosto será divulgado, indicando a variação dos preços na porta das fábricas. O indicador é usado como termômetro das pressões de custo na indústria e pode antecipar tendências da inflação ao consumidor.
▶️ Em São Paulo, o presidente Lula participa de cerimônia sobre um novo modelo de crédito imobiliário. O evento conta com a presença de autoridades como Fernando Haddad e Gabriel Galípolo, e é aberto à imprensa.
▶️ Nos Estados Unidos, o destaque é a prévia de outubro da pesquisa de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, que ajuda a medir o humor da população diante do cenário econômico atual.
▶️ Ainda no exterior, tensões políticas no Japão e na França, além do fortalecimento do dólar, aumentam a pressão sobre o real e os ativos brasileiros. Investidores também reagem ao acordo entre Israel e Hamas, que encerra conflito na Faixa de Gaza após mais de dois anos.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,73%;
Acumulado do mês: +0,99%;
Acumulado do ano: -13,02%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -1,73%;
Acumulado do mês: -3,10%;
Acumulado do ano: +17,81%.
Inflação no Brasil
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, subiu 0,48% em setembro, segundo o IBGE. Apesar de ser a maior alta mensal desde março (0,56%), o número veio abaixo da expectativa do mercado, que projetava avanço de 0,52%.
Em 12 meses, o índice acumulado chegou a 5,17%, também abaixo da previsão dos economistas, que esperavam 5,22%. No acumulado de 2025, a inflação já soma 3,64%.
➡️ O principal fator para esse aumento foi a energia elétrica residencial. Após cair 4,21% em agosto, a tarifa subiu 10,31% em setembro, devido ao fim do Bônus de Itaipu, creditado nas contas dos meses anteriores. Esse item representou o maior impacto individual (0,41 p.p.) na taxa de setembro.
Veja o resultado dos grupos do IPCA em setembro
Três dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram queda:
📉 Alimentação e Bebidas: -0,26%
📉 Artigos de residência: -0,40%
📉 Comunicação: -0,17%
Em setembro, seis dos grupos pesquisados tiveram alta:
📈 Habitação: 2,97%
📈 Vestuário: 0,63%
📈 Transportes: 0,01%
📈 Saúde e cuidados pessoais: 0,17%
📈 Despesas pessoais: 0,51%
📈 Educação: 0,07%
MP do IOF
A Câmara dos Deputados impôs uma derrota ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (8), ao deixar perder a validade a medida provisória que aumentava tributos e previa impulsionar a arrecadação.
▶️ A MP nem chegou a ser votada no mérito (conteúdo) da proposta. Antes disso, a maioria dos deputados — liderados pelo Centrão — aprovou a retirada do texto da pauta da Câmara. O placar foi de 251 a 193.
▶️ Essa era a arrecadação prevista com a MP. O governo busca superávit em suas contas no ano que vem, marcado por eleições presidenciais.
Agora, o governo terá de correr atrás agora para fechar um rombo acima de R$ 30 bilhões no orçamento do ano que vem. Nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo trabalha com alternativas para substituir a MP.
Haddad explicou que as alternativas serão apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será o responsável pelas decisões. Ele acrescentou que vai se reunir com Lula assim que for chamado.
“Geralmente, quando nós vamos fazer ao presidente da República, nós vamos com várias alternativas, com vários cenários, até pra dar a ele graus de liberdade para que ele possa sopesar as alternativas e avaliar a conveniência e a oportunidade de quaisquer delas. Nós temos tempo, nós vamos usar esse tempo para avaliar com muito cuidado cada alternativa”, afirmou o ministro Haddad a jornalistas.
▶️ Esse não é foi primeiro revés do governo no Legislativo com a tentativa de elevar de impostos. No fim de junho, o Congresso derrubou o aumento do IOF, imposto sobre várias operações financeiras, que só foi retomado parcialmente por conta de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Questionado por jornalistas se a área econômica vai insistir no aumento de impostos, diante dos resultados desfavoráveis recentes no Legislativo, Haddad não respondeu.
EUA em paralisação pelo 9º dia
A paralisação do governo dos Estados Unidos chegou ao nono dia nesta quinta-feira (9), sem perspectiva de encerramento, após o Senado rejeitar, na véspera, propostas tanto dos republicanos quanto dos democratas para retomar as atividades.
Essa foi a sexta tentativa frustrada de aprovar um acordo no Senado. Os democratas insistiram em incluir reformas na área da saúde, enquanto os republicanos propunham manter o financiamento do governo até 21 de novembro, sem alterações no sistema de saúde.
Em mais uma ameaça, o presidente Donald Trump voltou a dizer que pode impedir o pagamento retroativo de salários para parte dos funcionários federais em licença, alegando que alguns “não se qualificarão” para receber os valores após o fim da paralisação.
Na quarta-feira, o Internal Revenue Service (IRS) colocou 34 mil funcionários em licença, quase metade de seu quadro. Com isso, o número total de servidores afastados em todo o governo chegou a cerca de 750 mil.
Apesar das ameaças, Trump garantiu que os militares não serão afetados pela paralisação, ao manifestar apoio a uma proposta legislativa independente que assegura o pagamento dos salários durante o período de suspensão das atividades.
Durante a tarde desta quinta-feira, o Senado norte-americano votou e mais uma vez não conseguiu chegar a um acordo. A Casa deve realizar novas votações para tentar reabrir o governo, mas não há expectativa de mudança nos resultados, após seis tentativas anteriores sem sucesso.
BC japonês sob influência política
A líder do partido governista do Japão, Sanae Takaichi, afirmou nesta quinta-feira que o Banco Central é responsável pela política monetária, mas que suas decisões devem estar alinhadas com os objetivos do governo.
Ela destacou que a inflação recente foi causada pelo aumento dos custos de matérias-primas, e não por uma demanda aquecida, o que justifica cautela em relação a possíveis altas nos juros.
“Acredito que devemos ter como objetivo alcançar uma inflação impulsionada pela demanda (forte). […] Meios específicos de política monetária estão sob a jurisdição do Banco do Japão. Mas qualquer decisão que ele tome deve estar alinhada com a política econômica do governo”, disse Takaichi, sinalizando sua cautela contra um aumento prematuro dos juros.
Takaichi defendeu que o país deve buscar uma inflação sustentada por consumo forte, e reforçou sua posição favorável a políticas econômicas mais flexíveis. Sua vitória inesperada na disputa pela liderança do partido, que a coloca como provável primeira-ministra, fez o iene cair ao menor nível em oito meses, diante da menor expectativa de alta nos juros.
Ela afirmou que não deseja uma desvalorização excessiva da moeda, embora reconheça que um iene fraco tenha efeitos positivos e negativos: ajuda exportadores, mas encarece produtos importados, afetando o custo de vida das famílias. Caso seja confirmada no cargo, Takaichi pretende lançar um pacote de medidas para aliviar esse impacto.
Entre as propostas, estão cortes no imposto sobre a gasolina e a criação de um orçamento extra para conter a alta dos preços. A perspectiva de mais gastos públicos elevou os rendimentos dos títulos do governo japonês, em meio a preocupações com o aumento da dívida.
Apesar disso, Takaichi afirmou que o crescimento econômico continua sendo a prioridade, e que o mercado de títulos do país é estável por ser dominado por investidores locais.
Bolsas globais
Em Wall Street, as atenções continuaram voltadas para a paralisação do governo dos Estados Unidos. O presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, também chegou a fazer um discurso, mas não trouxe sinais claros sobre possíveis mudanças na política de juros, o que deixou os investidores dependentes de dados antigos para tomar decisões.
Com isso, os principais índices norte-americanos fecharam em queda: Na abertura, os principais índices mostraram variações mínimas: o Dow Jones recuou 0,63%, o S&P 500 caiu 0,40% e o Nasdaq teve queda de 0,27%.
Na Europa, as bolsas operam sem uma direção definida. Os investidores reagiram à proposta da União Europeia de aumentar tarifas sobre o aço importado, o que pode afetar diversos setores. Além disso, o cenário político na França segue instável, com expectativa de nomeação de um novo primeiro-ministro.
As bolsas europeias encerraram o dia em queda, pressionadas por perdas de empresas como HSBC e Ferrari. A montadora italiana decepcionou com metas financeiras pouco ambiciosas, enquanto o banco britânico anunciou um plano bilionário para comprar participação em uma subsidiária, o que não agradou ao mercado.
Além disso, a instabilidade política na França contribuiu para o clima de cautela entre os investidores.
Com isso, o índice pan-europeu STOXX 600 caiu 0,4%, após ter atingido um recorde na sessão anterior. Em Londres, o FTSE 100 recuou 0,41%; em Paris, o CAC 40 perdeu 0,23%; e em Milão, o FTSE MIB teve queda de 1,59%.
Já Frankfurt registrou leve alta de 0,06%, enquanto Madri caiu 0,60%. Lisboa foi a exceção, com alta de 0,99% no PSI20.
Na Ásia, os mercados fecharam com resultados mistos. Na China, os investidores voltaram do feriado animados com o desempenho de setores como semicondutores, inteligência artificial e ouro, o que impulsionou os índices locais.
Já em Hong Kong, o clima foi mais cauteloso, e em outras regiões, o movimento refletiu fatores internos e externos, como o ritmo da economia global.
O índice de Xangai subiu 1,32%, e o CSI300, que reúne grandes empresas chinesas, avançou 1,48%. Em Tóquio, o Nikkei teve alta de 1,77%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,29%.
Taiwan registrou alta de 0,88%, Sydney subiu 0,25%, mas Cingapura teve queda de 0,45%. A bolsa de Seul não abriu.
Cotação do dólar mostra menor confiança na economia brasileira devido a gastos e dívidas do governo
Jornal Nacional/ Reprodução
*Com informações da agência de notícias Reuters.