O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está colhendo as consequências da lei de causa e efeito, que devem se estender ao seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Depois de meses plantando nos Estados Unidos sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), um tarifaço contra empresas brasileiras e também ameaçando o comando da Câmara e Senado com retaliações, caso não aprovassem uma ampla anistia para beneficiar seu pai, Eduardo viu sua situação se agravar nas últimas horas.
Depois da denúncia da Procuradoria- Geral da República (PGR) por coação ao Judiciário nesta segunda-feira (22), o deputado teve indeferida a indicação a líder da minoria na Câmara pelo presidente da casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A decisão é uma consequência direta das novas sanções que atingiram a família do ministro do STF Alexandre de Moraes, que teve a mulher incluída na lista da Lei Magnitsky.
Também novas revogações de vistos aos EUA que atingiram o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e servidores públicos que trabalham ou trabalharam com Moraes ou no Tribunal Superior eleitoral (TSE) durante o processo que tornou Jair Bolsonaro inelegível.
Mesmo que novas sanções já fossem esperadas, elas indignaram o STF como um todo e também quem negociava uma pacificação no Congresso.
O que leva o efeito bumerangue de Eduardo Bolsonaro a atingir também seu pai. A iniciativa para transformar a negociação de uma anistia em um projeto que diminuiria as penas dos condenados pela tentativa de golpe e do 8 de janeiro estagnou. O ex-presidente Michel Temer, que trabalhava nua ponte entre a proposta na Câmara e ministros do STF declarou para a Globonews, após as novas sanções, que a situação havia mudado e era preciso “repensar”, já que as novas medidas dos EUA eram “agressivas”.
Ao longo dos últimos meses, a defesa de Jair Bolsonaro tentava separar a ação política da família e de aliados da defesa jurídica do ex-presidente. Mirando claramente uma redução de penas ou mesmo medidas cautelares mais benéficas a Jair Bolsonaro. Faltou combinar com Eduardo.
A situação jurídica complexa leva a uma perspectiva de perda de força política. Apesar do capital eleitoral que Jair Bolsonaro tem, as lideranças políticas de centro direita se afastam cada vez mais do ex-presidente ao traçar planos eleitorais para 2026.