O governo descarta pedir aos Estados Unidos o adiamento da entrada em vigor das tarifas sobre os produtos brasileiros e afirmou aos empresários e representantes dos setores produtivos que irá buscar a revisão do tarifaço imposto por Donald Trump para passar a valer em 1º de agosto.
Nas reuniões desta terça-feira, empresários pediram que o governo pedisse um prazo de 90 dias para que as tarifas entrassem em vigor, o que na prática ampliaria o prazo.
Segundo um representante do governo que está envolvido nas negociações e participou das reuniões desta terça-feira, adiar o prazo “não resolve o problema” dos setores.
“O governo não cogita pedir o adiamento do prazo, temos que buscar a revisão da decisão e não apenas focar no prazo”, afirmou a fonte.
O governo também garantiu aos empresários que não irá utilizar a Lei da Reciprocidade Econômica antes de 1º de agosto, para não fechar as portas da diplomacia.
Empresários e representantes de setores produtivos presentes à reunião com ministros nesta terça feira (15) pediram que o governo federal não utilize a Lei de Reciprocidade sem antes negociar ampliar o prazo da entrada de vigor das novas tarifas dos Estados Unidos.
O blog falou com participantes da reunião, tanto do meio empresarial quanto ministros.
O receio inicial era que o governo já usasse a lei regulamentada nesta terça como resposta às taxas anunciadas por Donald Trump na semana passada.
Participantes do encontro também relataram um clima mais ameno ao final do encontro, em que empresários saíram com a garantia de que o trabalho central neste momento do governo brasileiro é negociar e ampliar os canais diplomáticos.
A regulamentação da Lei de Reciprocidade abre espaço para que o governo federal possa reagir às tarifas dos EUA.
Reuniões de Alckmin
O pedido foi feito na primeira das duas reuniões do vice-presidente Geraldo Alckmin com representantes do setor privado nesta terça, realizado na manhã desta terça com empresários da indústria, para discutir a resposta brasileira ao aumento de tarifas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
🔎 A medida norte-americana impõe uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA a partir de 1º de agosto. A decisão foi criticada pelo governo Lula, que considera a ação uma retaliação política — motivada por críticas de Trump ao Supremo Tribunal Federal e em defesa de Jair Bolsonaro.
As reuniões são parte do trabalho de um comitê interministerial criado pelo presidente Lula, que reúne o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Casa Civil, o Ministério da Fazenda e o Ministério das Relações Exteriores.
O objetivo do governo é ouvir os empresários, dimensionar os impactos da medida americana sobre as exportações brasileiras e discutir eventuais contramedidas.