Na véspera, a moeda norte-americana recuou 0,34%, no menor valor desde o fim de novembro. Já o principal índice da bolsa de valores fechou em queda de 0,40%, aos 122.483 pontos. Notas de dólar.
Dado Ruvic/ Reuters
O dólar opera em queda nesta sexta-feira (24), conforme investidores monitoravam a divulgação de novos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), conhecido como a prévia da inflação oficial do país.
A expectativa é que o indicador dê novos sinais sobre quais podem ser os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom) na condução dos juros do país.
No exterior, as políticas tarifárias de Donald Trump, novo presidente dos Estados Unidos, continuam no radar. Na véspera, durante discurso no Fórum Econômico Mundial, o republicano reforçou seu discurso protecionista, prometendo criar “o maior corte de impostos da história americana” e taxar empresas que não queiram produzir no país.
Nesta semana, o republicano havia reforçado sua promessa de impor tarifas de 10% à China e à União Europeia, e considerou alíquotas de até 25% contra o México e o Canadá. Mas a falta de medidas concretas sobre o tema continua a abrir espaço para uma valorização do real. (entenda abaixo)
Também na quinta-feira, Trump criticou a condução das taxas de juros americanas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e disse que vai exigir que as taxas de juros caiam “imediatamente”.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 10h30, o dólar operava em queda de 0,79%, cotado a R$ 5,8784. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,34%, cotada a R$ 5,9255, no menor valor desde novembro.
Com o resultado, acumulou:
queda de 2,31% na semana;
recuo de 4,11% no mês e no ano.
a
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa tinha alta de 0,10%, aos 1255.600 pontos.
Na véspera, o índice fechou em queda de 0,40%, aos 122.483 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,11% na semana;
ganho de 1,83% no mês e no ano.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Os novos dados de inflação no Brasil voltam a chamar a atenção dos mercados para o cenário doméstico, conforme investidores seguem na expectativa pela próxima reunião do Copom, que acontece na semana que vem.
O IPCA-15 — considerado a prévia da inflação oficial do país — registrou uma alta de 0,11% nos preços em janeiro. O resultado representa uma desaceleração em relação ao observado em dezembro (0,34%), mas ainda está bem acima do esperado pelo mercado, de uma deflação de 0,02% para o mês.
Com o resultado, o IPCA-15 começou 2025 com uma alta acumulada de 4,50% em 12 meses — uma desaceleração em relação aos 4,71% registrados em dezembro do ano passado.
O resultado volta a pressionar por novas altas de juros por parte do Banco Central do Brasil (BC). A estimativa é que o colegiado anuncie mais uma alta da 1 ponto percentual (p.p.) na taxa básica de juros (Selic).
Além disso, as preocupações com o quadro fiscal do país também seguem na mira, conforme investidores monitoram os debates do governo para tentar reduzir os preços dos alimentos.
Nesta sexta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou ministros para discutir medidas governamentais que possam reduzir a inflação dos alimentos — questão que tem sido um pouco de alerta no governo desde o começo do ano passado.
Já no exterior, os efeitos da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos seguem no radar, com incerteza sobre um possível “tarifaço” a outros países e seus potenciais efeitos no comércio global.
Na terça-feira, durante um evento na Casa Branca, Trump prometeu impor tarifas à União Europeia e afirmou que seu governo já está discutindo uma alíquota de 10% sobre produtos importados da China a partir de 1º de fevereiro. Ele também ameaçou impor tarifas ao México e ao Canadá, citando preocupações com o fluxo de drogas desses países.
Embora essas tarifas estejam alinhadas com a agenda protecionista de Trump, elas são menores do que as indicadas durante sua campanha. A falta de medidas concretas traz certo alívio e abre espaço para a valorização de outras moedas em relação ao dólar.
Na prática, a aplicação de tarifas sobre produtos importados nos EUA é considerada inflacionária, pois pode elevar os preços no país. Quando os preços estão mais altos, o Federal Reserve (Fed) tende a manter os juros elevados por mais tempo para esfriar a economia e combater a inflação. Taxas elevadas nos EUA fortalecem o dólar.
Outro ponto que fica sob os holofotes foram as afirmações recentes do novo presidente norte-americano sobre a condução da política monetária por parte do Fed. Na véspera, o republicano disse que quer novos cortes de juros por parte do BC dos EUA.
“Com os preços do petróleo caindo, exigirei que as taxas de juros caiam imediatamente, e elas também deveriam cair em todo o mundo”, defendeu Trump na última quinta-feira, durante discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.