Na última sexta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,30%, cotada a R$ 6,1811. O principal índice de ações da bolsa de valores recuou 1,33%, aos 118.533 pontos.
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O dólar opera em baixa nesta segunda-feira (6), com expectativas de que o governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, deve trazer menos tarifas aos produtos importados no país do que o que foi dito por ele durante a campanha eleitoral. A moeda era negociada a R$ 6,10 por volta das 10h20.
Uma reportagem publicada nesta segunda pelo jornal “The Washington Post”, com base em relatos de interlocutores de Trump, diz que os assessores econômicos do presidente tentam estruturar uma forma de tarifação que atinja somente setores-chave para a segurança do país, como energia e defesa bélica.
Ainda pela manhã, Trump fez um post em sua rede social, a Truth Social, dizendo que as alegações do jornal “não existem”. “Isso está errado. O Washington Post sabe que está errado. É apenas outro exemplo de ‘fake news'”.
O mercado havia se animado porque tarifas menos agressivas contra produtos importados trariam menos pressão à inflação americana (que já está acima da meta do banco central do país, o Fed) — já que o acesso aos produtos vindos de outros países ficaria mais caro.
Com menos inflação, o Fed não precisaria elevar suas taxas de juros, deixando os títulos públicos americanos (considerados os mais seguros do mundo) com rendimentos menores. Isso amplia o apetite dos investidores e tira força do dólar.
Além disso, essa semana é marcada pela divulgação de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que trazem novas perspectivas de como anda a economia do país e podem dar pistas sobre quais devem ser as próximas decisões do Fed.
No Brasil, o destaque fica com a inflação de dezembro e o número fechado de 2024, que devem sair na sexta-feira (10). O resultado pode confirmar o estouro da meta da inflação brasileira pelo terceiro ano consecutivo. A meta para 2024 era de 3% e seria considerada formalmente cumprida se ficasse em um intervalo de 1,5% a 4,5%.
Com o mesmo cenário, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em alta.
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Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 12h30, o dólar caía 1,24%, cotado a R$ 6,1043. Na mínima do dia, chegou a R$ 6,0927. Veja mais cotações.
Na última sexta-feira (3), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,30%, cotada a R$ 6,1811.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,20% na semana.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 1,09%, aos 119.829 pontos.
Na sexta, o índice encerrou em baixa de 1,33%, aos 118.533 pontos.
Com o resultado, acumulou:
perda de 1,44% na semana.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O destaque deste pregão no mundo é a notícia de que a equipe de Trump estuda aplicar menos tarifas de importação do que o prometido pelo presidente durante a campanha eleitoral.
No final de novembro do ano passado, Trump prometeu taxar em mais 10% os produtos chineses e em 25% os produtos mexicanos e canadenses.
Em um post na rede social Truth Social, o presidente disse que “esta tarifa permanecerá em vigor até que as drogas, especialmente o fentanil, e todos os imigrantes ilegais ponham fim a esta invasão do nosso país”. Trump também prometeu taxar produtos vindos de outros países.
A ideia por trás dessas taxações, explica o analista financeiro Vitor Miziara, é justamente deixar os produtos importados mais caros, para que os americanos deixem de importar e, com a demanda ainda existindo, as empresas nacionais passem a produzir os produtos que antes vinham de fora, favorecendo o mercado de trabalho americano.
“O grande receio que se tinha em relação a isso no mundo era a inflação que isso poderia causar. Se ele coloca tarifas de importação, há duas opções: ou as pessoas que importam vão continuar importando e, ao pagar mais caro, vão repassar os preços e gerar mais inflação, ou vão parar de importar”, afirma.
Mesmo com a redução de importações, os produtores locais demorariam até produzir o suficiente para recompor a demanda da população. Até essa equiparação entre oferta e demanda, haveria escassez de produtos e, também, maior inflação.
“Uma inflação muito grande eleva as expectativas por juros mais altos e por mais tempo”, pontua Miziara. Assim, com a expectativa de que as tarifas devem ser aplicadas apenas em setores mais específicos, a projeção é de menor inflação e menos juros também, reduzindo a força do dólar.
Ainda no cenário externo, o mercado está na expectativa pela divulgação de novos indicadores econômicos nesta semana, principalmente os de mercado de trabalho nos Estados Unidos.
Uma geração de emprego forte mostra resiliência da economia, mas aumenta temores com a inflação persistente. Mais empregos colocam mais dinheiro nas mãos da população, gerando mais demanda e impacto nos preços.
Investidores olham para os números do mercado de trabalho com atenção porque podem trazer pistas sobre a condução do Fed com os juros americanos. Mais inflação pode reduzir o ritmo de corte de juros adotado pela instituição desde o ano passado.
No Brasil, além da expectativa pela inflação fechada de 2024 na sexta, também é aguardada uma nova sinalização do governo federal sobre corte de gastos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se reunir nesta segunda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O mercado também monitora as ações do Banco Central do Brasil (BC), para saber se a instituição deve promover novos leilões para tentar conter o avanço do dólar. Tanto o avanço do dólar, quanto a inflação acima da meta já aparecem refletidos nas projeções captadas pelo boletim Focus, relatório semanal do BC que reúne as expectativas de economistas do mercado financeiro.
Na primeira edição do ano, a projeção de inflação para 2025 é de 4,99%, também acima da meta de 3%, como deve ser em 2024. Já para o dólar, as estimativas são de que a moeda encerre o ano cotada a R$ 6 — antes a previsão era de R$ 5,96.