Dólar opera em alta, com cenário geopolítico global e produção industrial no Brasil no radar

No dia anterior, a moeda norte-americana teve queda de 0,76%, cotada a R$ 5,7712. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores, fechou em queda de 0,65%, aos 125.147 pontos. Notas de dólar.
Reuters
O dólar opera em alta nesta quarta-feira (5), com investidores atentos ao cenário geopolítico mundial, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugerir assumir o controle da Faixa de Gaza. Por volta das 10, a moeda era negociada a R$ 5,79.
Incertezas geopolíticas costumam favorecer o dólar em relação a outras moedas, por ser considerada a moeda mais segura do mundo e o “refúgio” dos investidores durante períodos de maior cautela.
No Brasil, também, o mercado repercute a divulgação dos dados de produção industrial pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A indústria nacional recuou 0,3% em dezembro, no terceiro mês consecutivo de quedas. Apesar das baixas, a produção industrial acumulou alta de 3,1% em 2024.
O número positivo mostra que a economia brasileira segue aquecida. Isso é lido pelo mercado financeiro como mais um sinal de que a inflação deve continuar acelerada nos próximos meses. Uma economia resiliente gera dinheiro e demanda por bens e serviços, o que impede o recuo dos preços.
Também no cenário interno, investidores repercutem falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a inflação no país. Lula disse, nesta manhã, que vai se reunir com representares do setor de alimentos para procurar solução para o aumento dos preços.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 10h, o dólar subia 0,36%, cotado a R$ 5,7918. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,76%, cotada a R$ 5,7712.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,13% na semana e no mês;
recuo de 6,61% no ano.

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Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice fechou em queda de 0,65%, aos 125.147 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,78% na semana e no mês;
ganho de 4,04% no ano.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O destaque desta quarta-feira, mais uma vez, fica com Donald Trump. O presidente americano disse, nesta terça-feira (4), que os EUA “assumirão o controle” da Faixa de Gaza e afirmou que os palestinos habitantes da região deveriam ser realocados. As afirmações foram feitas ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Mais cedo, Trump já havia dito que a única alternativa dos palestinos que vivem na Faixa de Gaza seria deixar o território — uma ideia apoiada pela extrema direita israelense, e que constituiria limpeza étnica perante o direito internacional, segundo analistas.
Os comentários geraram reações negativas em todo o mundo, com líderes de países europeus, líderes árabes, a Rússia, a Organização das Nações Unidas (ONU) e até políticos dos EUA condenando as afirmações e defendendo o direito dos palestinos de permanecer em sua terra.
As falas reavivem os temores de uma guerra generalizada no Oriente Médio — o que, além da catástrofe humanitária, também poderia gerar problemas econômicos, tendo em vista a importância da região na produção e distribuição de petróleo para todo o mundo.
Também no cenário internacional, o cenário de juros nos EUA continua repercutindo. Nesta terça, o vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Philip Jefferson, disse que a instituição deve ter cuidado ao ajustar as suas taxas de juros, em meio a um ambiente econômico e político incerto.
Jefferson não é a primeira autoridade do Fed a defender uma postura mais cautelosa na condução dos juros nos últimos dias. Na segunda-feira (3), a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, disse que não há urgência para o banco central reduzir os juros neste momento, conforme novas tarifas comerciais anunciadas pelo governo Trump podem elevar as pressões inflacionárias.
Juros altos nos EUA elevam a rentabilidade dos títulos públicos do país, considerados os mais seguros do mundo, atraindo investidores, sobretudo em momentos de incertezas pelo mundo. Isso pode tirar a vantagem competitiva dos países que também atraem investimentos com juros altos, como o Brasil, valorizando o dólar em detrimento de outras moedas.
Mesmo assim, por aqui, a expectativa ainda é de juros elevados por um bom tempo. Nesta terça, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que aconteceu na semana passada. O encontro resultou na decisão de aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual.
No documento, o comitê afirmou que as expectativas de inflação aumentaram significativamente nos últimos meses, para o curto, médio e longo prazo. As projeções indicam uma inflação acima da meta pelos próximos seis meses consecutivos.
A partir de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo é uma inflação de 3% – considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
No regime de meta contínua, se a inflação ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida. Se as projeções se concretizarem, 2025 terá um novo estouro da meta de inflação.
E os dados de produção industrial, divulgados nesta quarta, reforçam que a atividade econômica brasileira segue resiliente, mesmo com uma desaceleração nos últimos meses.
Com esses fatores em mente, a instituição já indicou um novo aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião, o que deve levar a taxa Selic a 14,25% ao ano. Outras altas ainda são esperadas, e o mercado projeta os juros a 15% ao ano até o fim de 2025.

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