Dólar abre em queda em meio à expectativa por dados dos EUA e julgamento de Bolsonaro


2º dia no STF terá defesas de Bolsonaro, Braga Netto e mais dois réus
O dólar inicia a sessão desta quarta-feira (3) em queda. Por volta das 09h10, a moeda americana recuava 0,39%, cotada a R$ 5,452. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, abre às 10h.
No Brasil, os investidores acompanham hoje o segundo dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Já no exterior, o foco está na divulgação de indicadores econômicos dos Estados Unidos.
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▶️ Nesta quarta-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) dará continuidade ao julgamento da denúncia realizada pela Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, por tentativa de golpe de Estado em 2022.
Ontem, o mercado já demonstrou preocupação com a possibilidade de que uma eventual condenação ao ex-presidente leve o governo de Donald Trump a aplicar novas medidas contra o Brasil.
Esse temor se refletiu especialmente no setor bancário, já que instituições financeiras podem ser diretamente afetadas por medidas previstas na Lei Magnitsky. No Ibovespa, ações caíram em bloco e o dólar operou com volatilidade.
▶️ Nos EUA, investidores aguardam pela divulgação do relatório Jolts, que mostra as vagas de emprego, contratações e desligamentos ocorridas em julho.
▶️ Ainda por lá, está previsto para entre hoje e amanhã uma missão empresarial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com intuito de negociar as tarifas de 50% aplicadas pelo governo Trump ao Brasil.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar

a
Acumulado da semana: +0,96%;
Acumulado do mês: +0,96%;
Acumulado do ano: -11,42%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,77%;
Acumulado do mês: -0,77%;
Acumulado do ano: +16,67%.
PIB cresce, mas desacelera
A economia brasileira cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (2). Em valores correntes, o PIB movimentou R$ 3,2 trilhões.
Com esse desempenho, o PIB acumula 16 trimestres consecutivos de crescimento e atinge o maior nível da série histórica, iniciada em 1996. Os setores de serviços e consumo das famílias também bateram recordes.
O resultado indica uma desaceleração significativa em relação ao primeiro trimestre, quando o crescimento foi de 1,3%. Mesmo assim, o desempenho superou discretamente as projeções do mercado, que apontavam alta de 0,3%. Na comparação com o segundo trimestre de 2024, o PIB avançou 2,2%.
Veja os principais destaques do PIB no 2º trimestre
Serviços: 0,6%
Indústria: 0,5%
Agropecuária: -0,1%
Consumo das famílias: 0,5%
Consumo do governo: -0,6%
Investimentos: -2,2%
Exportações: 0,7%
Importação: -2,9%
O economista Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da GO Associados, compara o desempenho trimestral do PIB à trajetória de um carro.
“Após uma arrancada intensa no início do ano, é como se o motor tivesse perdido força, e a economia já não avançasse com o mesmo ritmo do primeiro trimestre.”
Ele avalia que a desaceleração tem origem, em parte, na agropecuária, que após ser destaque nos três primeiros meses do ano, agora está “tirando o pé do acelerador” — já que o primeiro trimestre, período de colheita, costuma apresentar crescimento mais forte. Além disso, a política monetária também pesou, com a taxa básica de juros mantida em níveis elevados..
“Os juros altos hoje funcionam como um peso na mochila da economia. Ela avança, mas com dificuldade, e os juros acabam comprometendo o fôlego da atividade econômica”, completa.
Julgamento de Bolsonaro
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar nesta terça-feira (2) a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, por tentativa de golpe de Estado em 2022.
São julgados o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus do chamado núcleo 1, ou crucial, que reúne aqueles que são considerados os principais integrantes da suposta organização criminosa denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). São eles:
os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa);
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Diante disso, há um receio entre os investidores de que uma possível condenação do ex-presidente leve o governo de Donald Trump a impor novas sanções contra integrantes do Supremo.
Durante o pregão desta terça, a maioria das ações bancárias fechou em queda, já que o setor pode ser diretamente afetado por medidas previstas na Lei Magnitsky. Entre as instituições, apenas os papéis do BTG Pactual subiram.
Confira as cotações:
Banco do Brasil (BBAS3): -3,18%
Bradesco (BBDC4): -1,16%
BTG Pactual (BPAC11): +0,18%
Itaú (ITUB4): -1,70%
Santander (SANB11): -0,39%
Os receios em torno da Lei Magnitsky também influenciaram na alta do dólar. “Com o julgamento de Bolsonaro em andamento, as expectativas de novas sanções por parte dos Estados Unidos tornam o mercado de câmbio mais vulnerável à volatilidade”, explica Marcio Riauba, responsável pela Mesa de Operações do StoneX Banco de Câmbio.
Ainda assim, o especialista ressalta que fatores externos também contribuíram para a valorização do dólar, em meio a um cenário global de maior cautela. “Esse movimento também foi influenciado pela alta do índice dólar (DXY), diante das preocupações fiscais no Reino Unido, França e Alemanha.”
Bolsas globais
Os principais índices de Wall Street atingiram a mínima de mais de uma semana nesta terça-feira, com os investidores retornando de um feriado preocupados com a legalidade das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e aguardando dados econômicos cruciais.
O Dow Jones caiu 0,55%, a 45.295,69 pontos. O S&P 500 recuou 0,71%, a 6.414,68 pontos, enquanto o Nasdaq Composite teve perdas de 0,82%, a 21.279,63 pontos.
Na Europa, a instabilidade fiscal em países como França e Reino Unido gerou preocupação nos mercados europeus nesta terça-feira (2). Esse cenário fez com que os juros subissem de forma significativa em algumas das principais economias da região.
Com isso, os principais índices europeus fecharam em queda. O Stoxx 600 caiu 1,47%, ficando em 543,35 pontos. Em Frankfurt, o DAX recuou 2,29%, aos 23.487,33 pontos. O CAC 40, de Paris, perdeu 0,70%, encerrando em 7.654,25 pontos. Já o FTSE 100, de Londres, teve baixa de 0,87%, fechando em 9.116,69 pontos.
Na Ásia, os mercados foram influenciados pela realização de lucros nas ações de tecnologia, especialmente na China e em Hong Kong. Após uma forte valorização de empresas ligadas à inteligência artificial, investidores decidiram vender parte dos papéis, à espera do discurso do presidente Xi Jinping.
Na China, o índice de Xangai caiu 0,45%, fechando em 3.858 pontos, enquanto o CSI300 recuou 0,74%, para 4.490 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 0,47%, encerrando em 25.496 pontos. Já o Nikkei, em Tóquio, subiu 0,3%, atingindo 42.310 pontos.
Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
*Com informações da agência de notícias Reuters

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