Nos EUA, diretora do Banco Central promete desafiar Donald Trump na justiça
O dólar abre a sessão desta quarta-feira (27) de olho no cenário internacional e local. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h.
Os investidores devem continuar acompanhando o impasse no Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, após o presidente Donald Trump ter demitido a dirigente do conselho, Lisa Cook.
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▶️ Trump anunciou a decisão nas redes sociais, em mais um ataque à independência do banco central dos EUA.
Ontem, o Fed emitiu um comunicado que diz que os diretores da instituição têm mandatos longos e fixos, e que só podem ser afastados pelo presidente dos EUA “por justa causa”.
▶️ No Brasil, após a prévia da inflação ficar abaixo do esperado pelo mercado, a atenção se dá com a divulgação de novos indicadores, com destaque para o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de julho, que será divulgado às 14h30.
Os investidores estão atentos à possível desaceleração na geração de empregos formais. Esse tipo de dado tem sido usado como termômetro para estimar quando o Banco Central pode começar a cortar a Selic.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,15%;
Acumulado do mês: -2,98%;
Acumulado do ano: -12,07%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,17%;
Acumulado do mês: +3,50%;
Acumulado do ano: +14,50%.
O impasse no Fed
Trump anunciou a demissão de Lisa Cook por meio de uma publicação em suas redes sociais. A decisão é vista como mais uma escalada nos ataques do republicano à independência do banco central americano.
Cook é a primeira mulher negra a integrar a diretoria do Fed. Na última sexta (22), Trump já havia afirmado que iria demiti-la, caso ela não renunciasse. Na ocasião, ela declarou que “não tinha intenção de ceder a pressões”.
A nota também informa que Lisa Cook, por meio de seu advogado, pretende contestar judicialmente qualquer tentativa de afastá-la.
O Fed destacou em nota que continuará atuando conforme a lei e que, como de costume, cumprirá qualquer decisão judicial. Segundo o comunicado, essas garantias legais são consideradas salvaguardas essenciais para preservar a independência da política monetária.
“Mandatos prolongados e proteções contra demissões arbitrárias asseguram que as decisões do Fed sejam baseadas em dados, análise econômica e nos interesses de longo prazo do povo americano”, afirmou o Fed.
Segundo Andressa Durão, economista do ASA, nunca houve demissão por justa causa de um diretor do Fed.
“Trump pode tentar a demissão e Lisa, a princípio, poderia permanecer no cargo e continuar exercendo suas funções enquanto processa o governo contra a decisão — o que pode durar meses ou até anos, a menos que um tribunal determine uma suspensão imediata.”
Para a economista, a decisão de Trump gera “perda de credibilidade e aumento da insegurança jurídica”, mas o mercado deve superar esse impacto em breve.
“Caso realmente o processo se desenrole e haja saída de Cook do Fed, o resultado será a percepção de um Fed mais ‘dovish’ [postura mais flexível], conforme Trump indique seus membros”, diz a economista.
A medida ocorre em meio a uma sequência de ataques de Trump contra o Fed e seus integrantes. Em outras ocasiões, ele chegou a xingar o presidente da instituição, Jerome Powell, de “burro” e “teimoso”.
Prévia da inflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou queda de 0,14% em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O principal fator para a deflação foi a queda de 4,93% nos preços da energia elétrica residencial, após a incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas contas de agosto. A queda aconteceu mesmo com a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que acrescenta R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
O IPCA-15 de agosto mostra desaceleração em relação a julho, quando avançou 0,33%. Em agosto de 2024, o índice havia sido de 0,19%. Com o resultado, o acumulado em 12 meses chegou a 4,95%.
Apesar da deflação, o resultado veio abaixo do esperado pelo mercado, que projetava queda maior, entre 0,19% e 0,22%.
Bolsas globais
Nos EUA, os três principais índices de Wall Street fecharam em alta: o Dow Jones subiu 0,13%, o S&P 500 avançou 0,35% e o Nasdaq ganhou 0,23%.
Na Europa, as bolsas encerraram em queda, pressionadas pela instabilidade política na França e pela incerteza em relação à autonomia do Fed, fatores que ampliaram a aversão ao risco.
O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 0,83%, a 554,20 pontos. Em Londres, o FTSE 100 recuou 0,60%, para 9.265,80 pontos. Em Frankfurt, o DAX perdeu 0,50%, fechando em 24.152,87 pontos, enquanto em Paris o CAC-40 caiu 1,70%, a 7.709,81 pontos.
Na Ásia, os mercados recuaram após fortes altas recentes, em meio à migração de investidores para setores considerados subvalorizados. Analistas avaliam que o movimento positivo pode prosseguir, apoiado pela liquidez e pelo cenário de relações estáveis entre China e EUA.
Em Xangai, o índice SSEC recuou 0,39%, para 3.868 pontos. O CSI300, que reúne as maiores companhias de Xangai e Shenzhen, caiu 0,37%, a 4.452 pontos.
Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 1,18%, para 25.524 pontos. Em Tóquio, o Nikkei recuou 0,97%, a 42.394 pontos. Em Taiwan, o TAIEX destoou da região e avançou 0,11%, para 24.305 pontos.
Cédulas de dólar
Pexels
*Com informações da agência de notícias Reuters