Erika e Donald Trump
Reuters e Alex Brandon/ AP
Os principais assessores econômicos da Casa Branca defenderam, neste domingo (3), a demissão da chefe do Departamento de Estatísticas do Trabalho, Erika McEntarfer, por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
As autoridades norte-americanas também rebateram as críticas feitas por especialistas, de que a ação de Trump poderia minar a confiança nos dados econômicos oficiais do país.
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O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, disse à rede de televisão norte-americana “CBS” que Trump tinha “preocupações reais” sobre os dados, enquanto Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, afirmou que o presidente “está certo em pedir uma nova liderança”.
Hassett disse à “Fox News” que a principal preocupação era o relatório do Departamento do Trabalho dos EUA (BLS, na sigla em inglês) divulgado na sexta-feira (1º), que não apenas mostrou uma criação de vagas de trabalho bem abaixo do esperado em julho, como também revisou os dados do mês anterior para baixo em 258 mil novos postos.
Trump acusou McEntarfer, de falsificar os números de empregos sem fornecer nenhuma evidência de manipulação de dados. O BLS compila o relatório de emprego, acompanhado de perto, bem como dados de preços ao consumidor e ao produtor.
O BLS não deu nenhuma razão para os dados revisados, mas observou que “as revisões mensais resultam de relatórios adicionais recebidos de empresas e agências governamentais desde as últimas estimativas publicadas e do recálculo de fatores sazonais”.
A demissão de McEntarfer aumentou as preocupações sobre a qualidade dos dados econômicos dos EUA publicados pelo governo federal. A decisão de Trump também ocorreu na esteira de uma série de novas tarifas sobre dezenas de parceiros comerciais, fazendo com que os mercados de ações globais despencassem.
“Acho que o que precisamos é de um novo olhar no BLS, alguém que possa resolver isso”, disse Hassett no “Fox News Sunday”.
Em uma entrevista ao programa “Face the Nation” da “CBS”, Greer reconheceu que sempre houve revisões nos números de empregos, “mas às vezes vemos essas revisões indo para maneiras realmente extremas”.
‘Acusação absurda’
Críticos, incluindo ex-líderes do Departamento de Trabalho norte-americano, criticaram a decisão de Trump e pediram ao Congresso que investigasse a remoção de McEntarfer, dizendo que isso minaria a confiança em uma agência estatística respeitada.
Segundo o ex-comissário de estatísticas do BLS, William Beach, afirmou que não há como um comisário manipular os números de emprego.
“Revisamos os números todos os anos. Quando eu era comissário, tivemos uma revisão de 500.000 empregos durante o primeiro mandato do presidente Trump”, disse Beach no programa “State of the Union”, da CNN.
“E por que fazemos isso? Porque empresas são criadas ou fecham, e não sabemos ao certo isso ao longo do ano, até fazermos a reconciliação com uma contagem completa de todas as empresas.”
Democratas e pelo menos dois senadores republicanos também criticaram a demissão.
“Esta é uma acusação absurda. Esses números são elaborados por equipes de literalmente centenas de pessoas, seguindo procedimentos detalhados que constam em manuais”, disse o ex-secretário do Tesouro Larry Summers no domingo no programa “This Week”, da ABC.
“O que um mau líder faz quando recebe más notícias? Atire no mensageiro”, disse o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, em um discurso no plenário do Senado na sexta-feira.
A demissão ocorreu em meio a uma onda de turbulência econômica na semana passada.
Trump aumenta tarifas de dezenas de países
Poucas horas antes do prazo final das tarifas na sexta-feira, Trump assinou uma ordem executiva impondo taxas sobre importações dos EUA de países como Canadá, Brasil, Índia e Taiwan, em sua última rodada de impostos, enquanto os países tentam buscar maneiras de fechar melhores acordos.
Greer e Hassett disseram no domingo que a maior parte dessas tarifas provavelmente permanecerá em vigor em vez de ser cortada como parte das negociações contínuas.
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A Índia rejeitou as ameaças de Trump de aplicar uma penalidade adicional caso continuasse comprando petróleo da Rússia, disseram duas fontes do governo indiano à Reuters no sábado. Trump impôs uma nova tarifa de 25% sobre produtos indianos.
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