Donald Trump quer que países da Otan parem de comprar petróleo russo
Os preços do petróleo recuaram nas últimas semanas, e chegaram ao menor patamar em meses. Entre os fatores que explicam esse movimento estão tanto os níveis de produção da commodity quanto questões geopolíticas.
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Nesta sexta-feira (17), o barril de petróleo do tipo Brent (referência global), negociado em Londres para entrega em dezembro, recuava 0,13%, a US$ 60,98. No mercado americano, o barril do tipo West Texas Intermediate (WTI), com vencimento em novembro, caía 0,19%, a US$ 57,35.
📉 Apesar da alta pontual, os preços seguem em patamares historicamente baixos: o Brent não se mantinha nesse nível desde maio deste ano; enquanto o WTI não alcançava essa faixa desde 2021.
Entenda nesta reportagem os principais fatores que têm influenciado a cotação do petróleo.
Excesso de oferta
O primeiro fator que explica a queda é o equilíbrio entre oferta e demanda. Isso porque quando há mais petróleo disponível do que compradores, os preços caem. E nesta semana, o temor de excesso de oferta global pressionou o mercado.
“O mercado adere à hipótese da Agência Internacional de Energia (AIE) de uma superabundância da oferta”, disse Phil Flynn, do Price Futures Group, à AFP.
A AIE revisou para cima a previsão de crescimento da oferta e reduziu ligeiramente a expectativa de aumento da demanda para este ano e o próximo. No total, projeta um acréscimo de 2,2 milhões de barris por dia em 2025 e quase 4 milhões em 2026.
“Um excedente de petróleo, esperado há tempos, começa finalmente a surgir e deveria pesar nos preços”, destacaram analistas do DNB na conferência Energy Intelligence, em Londres, à agência.
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Acordos de paz e negociações
Além disso, outro fator que influenciou os preços da commodity foram os conflitos em regiões estratégicas para a produção de petróleo.
A guerra entre Rússia e Ucrânia e os recentes confrontos entre Israel e Hamas, por exemplo, também pressionaram os preços no mercado internacional nos últimos meses, embora ainda não tenham gerado interrupções significativas no abastecimento.
Por outro lado, sinalizações recentes de que esses conflitos caminham em direção à paz têm ajudado a derrubar as cotações do barril de petróleo.
Nesta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou que se reunirá com o residente russo Vladimir Putin, na Hungria, afirmando que houve “grandes progressos”. O Kremlin descreveu o diálogo como “extremamente franco e repleto de confiança”.
Não há definições sobre a data do encontro, mas Trump tem pressionado países parceiros a deixarem de comprar o petróleo russo como forma de pressão para o fim da guerra na Ucrânia.
🔎 Ainda assim, um possível retorno da Rússia ao mercado poderia reduzir os preços, já que o país é um dos três maiores produtores mundiais.
Já no Oriente Médio, Israel e Hamas firmaram, em 9 de outubro, a primeira fase de um cessar-fogo e a libertação de reféns, após pressões de Trump.
“Se a paz for estável e confiável, seu impacto (na redução) dos preços será mais estrutural e profundo”, explica Claudio Galimberti, economista da Rystad Energy.
Embora Israel não seja um produtor importante de petróleo, o risco de uma ampliação do conflito na região — como ocorreu em junho, durante a guerra de 12 dias entre Irã e Israel — havia impulsionado os preços do petróleo.
Isso porque além do risco geopolítico e dos temores de que o aumento das tensões pudesse gerar novos bloqueios e sanções, a região também conta com uma das rotas estratégicas do mundo para transporte de petróleo — o que poderia estar em risco diante de uma escalada do conflito.
Com o acordo de paz entre Israel e Hamas, no entanto, os ânimos arrefeceram — e, agora, há expectativa de que os rebeldes huthis, do Iêmen, suspendam ataques a navios ocidentais.
🔎 Isso ajudaria a liberar rotas pelo Mar Vermelho e Canal de Suez — reduzindo riscos logísticos e contribuiria para a queda dos preços da matéria-prima.
Tensões entre EUA e China
O conflito comercial entre Estados Unidos e China também pressiona a cotação do petróleo. Trump afirmou que a tarifa de 100% sobre produtos chineses não é sustentável, mas foi adotada devido à postura da China. Ele destacou a necessidade de um acordo justo entre os países.
O Ministério do Comércio da China reagiu às medidas americanas com controles sobre elementos de terras raras, que Trump chamou de “surpreendentes” e “muito hostis”.
“Qualquer redução do comércio internacional só pode ser desfavorável ao petróleo”, afirmou John Evans, da PVM, à AFP.
Para Mark Waggoner, da Excel Futures, o retorno da incerteza comercial pode pesar nos preços nas próximas semanas. Em entrevista à AFP, ele explicou que o aumento observado em algumas sessões (como a de hoje) se deve, sobretudo, a uma “recuperação técnica após dias muito ruim”.
Segundo analistas ouvidos pela agência, se o barril do WTI se mantiver abaixo dos US$ 60, isso levaria a “uma desaceleração da produção americana”, pois “muitas empresas do setor de xisto não podem perfurar novos poços de forma lucrativa” nesse nível de preço.
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*Com informações da agência de notícias France-Presse
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