‘Célula de sobrevivência’: como a estrutura de carros novos ajuda a reduzir danos em acidentes


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Uma motorista sobreviveu após ficar soterrada por cerca de duas horas dentro de um Volkswagen T-Cross, atingido por uma carreta que tombou em Porto Alegre (RS). Apesar de a carga da carreta ser composta por serragem, material de baixa densidade, o veículo ficou visivelmente destruído.
“Foi uma ocorrência muito delicada. Ela se manteve consciente desde a abordagem inicial até a retirada”, relatou Daniel Suchy, capitão do Corpo de Bombeiros.
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Especialistas ouvidos pelo g1 destacam que a chamada célula de sobrevivência, uma estrutura de proteção presente em todos os carros novos vendidos no Brasil, foi fundamental para que o acidente não tivesse consequências mais graves.
Como funciona a célula de sobrevivência
Arte/g1
“Esses reforços, hoje em dia, ajudam muito. São ferros maiores, que não amassam tão fácil na pancada”, diz Bruno Bandeira, mecânico e proprietário da Oficina Mecânica na Garagem.
Ele cita o Renault Twingo como exemplo. Segundo Bandeira, o tamanho maior da porta permite que a barra da estrutura impeça que outro veículo invada a lateral do compacto.
Tenório Júnior, técnico e professor de mecânica automotiva, explica que a função da célula de sobrevivência é justamente reduzir o risco de lesões graves ou fatais em caso de acidente.
“É uma estrutura projetada para proteger os ocupantes de um veículo em caso de colisão. Ela é composta por elementos estruturais reforçados que absorvem e distribuem as forças de impacto”, explica.
O professor destaca que, além da barra lateral, também recebem reforço as colunas localizadas entre o para-brisa e a porta do motorista, entre as portas laterais e acima da roda traseira.
Outras partes do veículo, como as longarinas, recebem reforços específicos para evitar torções e deformações. Essas estruturas metálicas se estendem da dianteira à traseira, passando pelas laterais, e ajudam a distribuir a energia gerada em uma colisão.
“O veículo é produzido para desmanchar inteiro, em caso de colisão, mas o habitáculo onde ficam os passageiros e motorista, preservado o máximo possível”, destaca Alexandre Dias, mecânico e proprietário das oficinas Guia Norte.
Funções da proteção lateral
Em 2016, quando nem todos os carros eram vendidos com estruturas internas reforçadas nas portas, o Latin NCAP — programa independente de avaliação de veículos novos na América Latina — realizou um teste que evidenciou a importância desse recurso.
No teste, o Fiat Palio, equipado com a barra de proteção lateral, apresentou menor deformação na lateral em comparação ao Peugeot 208, garantindo maior proteção ao motorista no mesmo tipo de impacto.
Diferença entre a presença da barra de proteção lateral
divulgação/Latin NCAP
As marcas em vermelho e amarelo no acabamento lateral dos veículos indicam os pontos de contato dos bonecos que simulam os ocupantes (veja na imagem acima). Esses pontos são mais numerosos no 208, que não possui a barra, do que no Palio, que conta com o reforço.
Desde 2024, todos os carros novos vendidos no Brasil precisam passar por testes de impacto lateral. Ainda assim, não há uma norma que obrigue a instalação de barras de proteção nem o uso de materiais específicos para reduzir deformações.
Volkswagen T-Cross em teste do Latin NCAP
divulgação/Latin NCAP

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