Dólar abre em baixa com atenção voltada à economia americana


Como a queda do dólar reflete no nosso bolso? Gustavo de Oliveira explica
O dólar iniciou a sessão desta sexta-feira (26) em baixa, recuando 0,16% às 09h05, a R$ 5,3553. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h.
Com os dados recentes mostrando que a economia e o emprego nos EUA estão mais fortes do que o esperado, investidores agora aguardam um novo indicador de inflação (PCE), que será divulgado durante a manhã. Esse dado pode ajudar a entender se os preços continuam subindo e influenciar as decisões sobre os juros no país.
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▶️ Ainda com os EUA em foco, o presidente Donald Trump anunciou na véspera novas tarifas sobre produtos farmacêuticos, caminhões pesados, móveis e itens de banheiro e cozinha.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar

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Acumulado da semana: +0,81%;
Acumulado do mês: -1,08%;
Acumulado do ano: -13,21%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,38%;
Acumulado do mês: +2,75%;
Acumulado do ano: +20,80%.
Relatório de Política Monetária do BC
O Banco Central publicou hoje o relatório de política monetária referente ao terceiro trimestre, no qual revisou para baixo sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, de 2,1% para 2%.
Para 2026, ano de eleições presidenciais, o Banco Central estimou um crescimento ainda mais modesto para o PIB brasileiro: 1,5%. É a primeira vez que a instituição apresenta uma projeção para a atividade econômica do próximo ano.
Segundo dados oficiais, caso se confirme, a projeção de crescimento do Banco Central para o próximo ano será a menor desde 2020, quando houve uma retração de 3,3% devido à pandemia de Covid-19.
A expectativa de menor crescimento do PIB, tanto neste ano quanto no próximo, ocorre em um contexto de manutenção dos juros em níveis elevados, como forma de conter pressões inflacionárias.
IPCA-15 de setembro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do país, subiu 0,48% em setembro — resultado ligeiramente abaixo das estimativas de economistas, que previam alta de 0,51%.
Com o resultado de setembro, o IPCA-15 acumula alta de 5,32% em 12 meses;
Em 2025, a inflação chegou a 3,76%.
Segundo o IBGE, o principal responsável pela alta foi o grupo Habitação, com destaque para a energia elétrica residencial. Após queda de 4,93% em agosto, o item avançou 12,17% devido ao fim do Bônus de Itaipu, que havia sido aplicado nas faturas do mês anterior.
Para Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, a prévia da inflação de setembro trouxe sinais positivos, com destaque para a melhora na composição do índice — especialmente na média dos núcleos, que registra alta de 5,9% em 12 meses.
Segundo ele, embora o nível ainda esteja elevado e acima do teto da meta (4,5%), a combinação entre a perda de ritmo da atividade econômica e o recuo nos núcleos reforça a confiança em um processo de desaceleração.
“[Esse resultado] reforça nossa confiança na trajetória de queda da inflação. Mantemos a projeção de 4,6% para este ano e 4% para o próximo, além da expectativa de corte na taxa de juros a partir de janeiro, com redução inicial de 50 pontos-base, levando a Selic de 15% para 14,5%”, afirma Barbosa.
Dados econômicos dos EUA
Indicadores relevantes da economia americana foram divulgados nesta quinta-feira, com destaque para a revisão do Produto Interno Bruto (PIB), que apresentou crescimento de 3,8% no segundo trimestre, em ritmo anual, segundo o Departamento de Comércio.
O resultado ficou acima da estimativa inicial de 3,3% e também superou as previsões de especialistas, que não esperavam alterações. Esse desempenho foi impulsionado, em parte, pelos investimentos das empresas em tecnologia, com destaque para a área de inteligência artificial.
Os números mais fortes que o esperado impulsionaram os rendimentos dos Treasuries e o dólar ante outras divisas, com investidores dosando a perspectiva de corte de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses.
No primeiro trimestre, a economia teve queda de 0,6%, um recuo ligeiramente maior que os 0,5% informados anteriormente.
Essa queda foi atribuída à antecipação de importações no início do ano, em resposta às tarifas impostas pelo governo Donald Trump — um movimento que se estabilizou no trimestre seguinte.
Além disso, o Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 14 mil, para 218 mil na semana encerrada em 20 de setembro, em dado com ajuste sazonal. O resultado ficou abaixo das projeções de economistas, que previam 235 mil pedidos.
No setor imobiliário, as vendas de casas usadas caíram 0,2% em agosto, chegando a uma taxa anual de 4 milhões de unidades — ligeiramente abaixo do resultado de julho, que foi de 4,01 milhões. Apesar da queda, o total superou a previsão dos analistas, que estimavam 3,96 milhões.
Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve aumento de 1,8%. A queda observada em agosto reflete a dificuldade dos compradores diante dos preços ainda altos dos imóveis e das taxas de financiamento, que continuam elevadas, mesmo após cortes recentes nos custos.
Outro dado acompanhado com atenção foi o dos pedidos de bens de capital — uma forma de medir os investimentos das empresas. Em agosto, houve alta de 0,6%, após uma revisão para baixo do crescimento de julho, que passou de 0,8%.
A previsão era de uma queda de 0,1%. Parte desse aumento, porém, pode estar relacionada ao encarecimento dos produtos, já que as tarifas sobre importações elevaram os custos para a indústria.
Falas de membros do Fed
Ao longo desta quinta-feira, declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed) também ficaram no radar dos investidores.
O presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, avaliou que o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, decidido na semana passada, foi uma medida necessária para preservar a força do mercado de trabalho.
Ele destacou que, embora a economia esteja em boa posição em relação às metas de inflação e emprego, “alguns dados recentes sugerem um risco crescente de que o mercado de trabalho possa se enfraquecer de forma mais substancial ou abrupta do que eu estava prevendo”.
Stephen Miran, diretor do Fed indicado por Donald Trump, fez críticas mais incisivas à atual política monetária. Em entrevista à “Fox Business”, ele afirmou que os juros elevados tornam a economia americana mais vulnerável a choques negativos.
“Quando a política monetária está nessa postura restritiva, a economia se torna mais vulnerável a choques negativos”, disse Miran.
Para ele, o banco central deveria reduzir as taxas em dois pontos percentuais, por meio de cortes de meio ponto cada.
Miran também questionou o argumento de que as tarifas comerciais estariam pressionando os preços, ponto que, segundo ele, ainda segura a posição mais cautelosa de parte dos membros do Fed.
Já o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, adotou um tom mais cauteloso. Ele alertou que novos cortes de juros podem ser precipitados enquanto a inflação segue acima da meta de 2% e o mercado de trabalho mostra apenas leve desaceleração.
“Quero que fiquemos atentos e isso me faz pensar que uma forte antecipação de cortes antes de sabermos se isso é tudo o que haverá sobre a inflação e antes de sabermos se essa inflação será persistente corre o risco de ser um erro”, disse Goolsbee.
Para ele, a política atual é apenas “moderadamente restritiva” e não tão dura a ponto de exigir cortes acelerados, como defende Stephen Miran.
Ele destacou que setores sensíveis aos juros, como investimentos empresariais, seguem resilientes, apesar da fraqueza do setor imobiliário.
“Sinto-me confortável… com o corte em um caminho gradual, enquanto continuamos a coletar informações para garantir que não fomos desviados de onde queremos estar”, completou.
Bolsas globais
Os índices em Wall Street fecharam em queda, influenciados pelos novos dados econômicos e pelas declarações de autoridades do Fed. Com isso, o otimismo dos investidores diminuiu em relação à possibilidade de cortes nos juros.
O Dow Jones teve leve baixa de 0,38%, ficando em 45.947 pontos. O S&P 500 caiu 0,50%, para 6.604 pontos, e o Nasdaq recuou 0,50%, atingindo 22.385 pontos.
As bolsas europeias encerraram o dia em queda nesta quinta-feira. O recuo foi influenciado pela desvalorização de empresas do setor médico, após os EUA anunciarem novas investigações sobre importações. Além disso, investidores analisavam declarações de autoridades do banco central americano e dados econômicos, em busca de sinais sobre os próximos passos da política monetária.
Os principais índices registram perdas: o STOXX 600 recuou 0,7%; o DAX, da Alemanha, caiu 0,56%; o FTSE 100, do Reino Unido, perdeu 0,39%; o CAC 40, da França, teve baixa de 0,41%; e o FTSE MIB, da Itália, recuou 0,43%
Na Ásia, os mercados tiveram resultados mistos. Na China, as ações subiram, impulsionadas por empresas de inteligência artificial e tecnologia de chips. Já em outras partes da região, o movimento foi mais contido ou negativo.
No fechamento, o índice CSI300, que reúne grandes empresas da China, subiu 0,60%, enquanto o índice de Xangai teve leve queda de 0,01%. Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 0,13%. Em Tóquio, o Nikkei avançou 0,27%.
Outros mercados asiáticos tiveram variações menores: Seul (-0,03%), Taiwan (-0,66%), Cingapura (-0,39%) e Sydney (+0,10%).
Dólar
Karolina Grabowska/Pexels

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