China abre mão de tratamento de país em desenvolvimento para fortalecer OMC diante de tarifas de Trump


A China anunciou que não buscará mais o tratamento especial concedido a países em desenvolvimento nos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC) — uma mudança há muito tempo exigida pelos Estados Unidos.
Autoridades do Ministério do Comércio afirmaram nesta quarta-feira que a decisão é uma tentativa de reforçar o sistema global de comércio em um momento em que ele está sob ameaça de guerras tarifárias e medidas protecionistas de países que restringem importações.
Embora não tenham citado diretamente os Estados Unidos ou as tarifas impostas este ano pelo presidente Donald Trump a diversos países, incluindo a própria China, a medida é vista nesse contexto.
Os EUA argumentam há anos que a China deveria abrir mão do status de país em desenvolvimento, já que é a segunda maior economia do mundo. Entre as vantagens dessa classificação na OMC estão exigências mais brandas para abrir mercados a importações e prazos mais longos para implementar medidas de liberalização comercial.
A OMC atua como fórum para negociações comerciais globais e garante o cumprimento de acordos, mas sua eficácia tem diminuído, o que motivou pedidos de reforma.
A liderança da organização, sediada em Genebra, descreveu a decisão chinesa como “uma notícia de grande importância para a reforma da OMC” e agradeceu à China em uma publicação no X.
“Este é o resultado de muitos anos de trabalho árduo”, escreveu Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da OMC.
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, anunciou a mudança em discurso realizado na terça-feira, em Nova York, durante um fórum de desenvolvimento organizado pela China na reunião anual da Assembleia Geral da ONU.
Apesar da decisão, a China continua a se definir como um país de renda média, e autoridades do Ministério do Comércio reforçaram que o país ainda faz parte do mundo em desenvolvimento.
Nos últimos anos, contudo, a China tem se tornado uma fonte importante de empréstimos e assistência técnica para nações interessadas em construir estradas, ferrovias, barragens e outros grandes projetos — frequentemente conduzidos por empresas estatais chinesas.
Presidente da China, Xi Jinping, em evento no dia 28 de março
AP Photo/Ng Han Guan

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