Após identificar risco de colapso no sistema elétrico devido ao excedente de energia renovável produzida, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai estabelecer protocolos para controlar melhor parte dessa oferta, a começar pela geração sob controle das distribuidoras.
🔌O novo procedimento vai afetar inicialmente a operação de pequenas hidrelétricas e, na sequência, a mini e microgeração distribuída, modalidade formada por consumidores que geram a própria energia e recebem desconto na conta de luz ao injetar o excedente na rede.
A geração que deve ser afetada pela mudança de protocolo está fora da rede básica, não é controlada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), mas também impacta na operação do sistema elétrico.
☀️A expectativa é que se encontre uma solução também para as grandes usinas controladas pelo ONS. Mesmo seguindo a programação do operador, as gerações eólica e solar causam sobreoferta em determinados períodos do dia, a depender das oscilações do vento e incidência da radiação solar.
Os encaminhamentos foram dados após a Aneel se reunir nesta sexta-feira (17) com o ONS e a Associação Brasileira de Distribuidores do Sistema Elétrico (Abradee).
O g1 apurou que o ONS apresentou um diagnóstico do problema durante a reunião.
Além disso, outro ponto colocado na mesa de discussão foi o de que, se o ONS vai atuar sobre essas usinas, precisa haver protocolos claros, como se daria esse corte, quantidade, atualização dos procedimentos de operação, porque os cortes não foram pensados para esse tipo de geração.
Em nota ao g1, ONS explicou que, na reunião, “apresentou as linhas gerais da proposta do Plano de Gestão de Excedentes de Energia na Rede de Distribuição”, que será enviado à Aneel até 31 de outubro.
“Caso seja preciso, a ANEEL avaliará as medidas regulatórias necessárias em complementação à regulação existente para viabilizar a implementação do Plano”, complementa o operador.
Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, explica a mudança em estudo.
“As usinas podem estar ligadas à [rede local de] distribuição e podem estar ligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). As usinas que estão ligadas na distribuição não têm uma interlocução direta. Quando precisa desligar alguma coisa, o ONS fala diretamente com as empresas ou usinas eólicas e solares que estão interligadas ao SIN. Agora, se precisar desligar a geração, [o ONS] vai pedir as distribuidoras que atuem juntas às usinas que estão ligadas na distribuição para que elas também sejam desligadas”, explica.
💡Ou seja, o ONS só faz cortes nas usinas de transmissão. Com o protocolo, também serão alcançadas as empresas de distribuição de energia.
Notícia parece boa, mas pode ser problema
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O debate ocorre no momento em que o Brasil tem produzido muito mais energia renovável do que precisa. Parece ser uma notícia boa, mas, para o sistema elétrico, tem sido um problema.
🔋Essa energia a mais está vindo principalmente dos parques eólicos e solares do Nordeste. O excedente ameaça a segurança do sistema elétrico brasileiro.
Quando isso acontece, o ONS Elétrico pede que usinas sejam desligadas, e isso tem ocorrido diariamente.
Os dias 4 de maio e 10 de agosto foram simbólicos para o ONS, pois se identificou que o alto percentual de micro e minigeração distribuída (MMGD) existente no Sistema Interligado Nacional (SIN) poderia levar a uma incapacidade do controle da frequência e da tensão no sistema.
Diretoria colegiada da Aneel durante reunião
Divulgação/Agência Nacional de Energia Elétrica
Aneel prepara protocolos após ver risco de colapso no sistema com excesso de produção de pequenas hidrelétricas, eólicas e solares
