Decreto que regulamenta Lei de Reciprocidade assinado por Lula é publicado
O dólar opera nesta quarta-feira (15), ainda sobre os desdobramentos da ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.
▶️ Na noite desta terça, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação comercial contra o Brasil. A legislação serve para corrigir práticas comerciais desleais contra os EUA, com a aplicação de tarifas ou sanções.
O documento mistura alegações comerciais e políticas para justificar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O texto apresenta aspectos do comércio brasileiro que serão alvo da investigação e faz afirmações, sem apresentar provas, sobre supostas práticas abusivas do país.
▶️ No Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin volta a se reunir com empresários afetados pelas tarifas para discutir a crise e possíveis saídas para ela. Serão ouvidos mais representantes da indústria e o presidente da Câmara Americana de Comércio para Brasil (Amcham), Abrão Neto.
▶️ Ainda por aqui, destaque para a pesquisa Quaest de aprovação do governo Lula. A desaprovação do governo oscilou 4 pontos para baixo, no limite da margem de erro, e está em 53% entre os eleitores brasileiros.
A aprovação da gestão do presidente oscilou para cima e é de 43%. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou menos. Segundo Felipe Nunes, diretor do instituto, o confronto com Trump ajudou o governo Lula a recuperar parte da popularidade.
▶️ Dados de inflação dos EUA também são avaliados pelos economistas. O índice de preços ao produtor (PPI) pode dar novas pistas se os preços por lá já sentem efeitos do tarifaço de Trump.
Ontem, os preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) foram divulgados e mostraram alta em junho.
“As categorias de eletrodomésticos e equipamentos domésticos apresentaram aumento expressivo de preços, indicando algum repasse dos custos adicionais provocados pelas tarifas”, explica a economista Andressa Durão, do ASA.
“Outros itens, como vestuários, bens recreativos e outros bens diversos, registraram variações pontuais de preços, de forma menos intensa ou mais diluída, mas também sugerindo algum repasse”, continua.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,18%;
Acumulado do mês: +2,29%;
Acumulado do ano: -10,06%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: -0,69%;
Acumulado do mês: -2,60%;
Acumulado do ano: +12,44%.
Brasil estuda como responder Trump
Alckmin fala sobre reação do Brasil a tarifaço de Trump
O vice-presidente Geraldo Alckmin realizou duas reuniões com representantes da indústria e do agronegócio nesta terça-feira (15) para discutir a resposta brasileira ao tarifaço de Trump.
🔎 Resumo: a medida norte-americana impõe uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA a partir de 1º de agosto. A decisão foi criticada pelo governo Lula, que considera a ação uma retaliação política — motivada por críticas de Trump ao Supremo Tribunal Federal e em defesa de Jair Bolsonaro.
As reuniões são parte do trabalho de um comitê interministerial criado pelo presidente Lula, que reúne o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Casa Civil, o Ministério da Fazenda e o Ministério das Relações Exteriores.
Após as reuniões, Alckmin afirmou que o governo brasileiro não planeja pedir ao governo americano que adie a entrada em vigor da tarifa anunciada por Trump. O objetivo, segundo ele, é “resolver o problema”.
“A ideia do governo não é pedir que o prazo seja estendido, mas procurar resolver até o dia 31. O governo vai trabalhar para resolver nos próximos dias”, disse Alckmin.
Ao ser perguntado sobre os setor de produtos perecíveis, o vice-presidente admitiu que é um segmento delicado e acrescentou que a produção embarcada também é uma “questão importante e urgente”.
Enquanto isso, o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica foi publicado nesta terça. O texto determina procedimentos para que o Brasil suspenda “concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a ações unilaterais de países ou blocos econômicos que afetem negativamente a sua competitividade internacional”.
O presidente Lula já chegou a dizer que a lei está entre os instrumentos legais que o Brasil poderá usar para responder às tarifas, caso a decisão dos EUA avance.
Trump diz, porém, que se o Brasil reagir elevando suas próprias tarifas, os EUA aumentarão ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros.
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Tarifas contra o México, UE, Rússia e mais
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Na semana passada, o presidente Donald Trump prorrogou até 1º de agosto a trégua tarifária iniciada em abril, dando mais três semanas para concluir acordos comerciais ainda pendentes. No entanto, em um movimento de pressão, publicou 25 cartas notificando mudanças tarifárias a países parceiros.
As últimas notificações foram enviadas ao México e a União Europeia, que receberam taxas de 30%. Em resposta, a União Europeia estendeu a suspensão das medidas do bloco contra o tarifaço até o início de agosto, visando uma solução negociada para o comércio com Washington.
Além disso, nesta segunda, Trump ameaçou aplicar um pacote de “tarifas severas” à Rússia, de “cerca de 100%”, caso o governo de Vladimir Putin não alcance um acordo de paz na Ucrânia em um prazo de até 50 dias.
🔎 A volta das atenções de Trump para as tarifas reacende preocupações sobre eventuais efeitos dessas taxas na inflação dos EUA e do mundo. Isso porque a leitura dos investidores é que as taxas impostas por Trump podem acabar aumentando os custos de produção baseados em produtos importados e, consequentemente, elevar os preços ao consumidor.
Caso se concretize, esse cenário tende a pressionar a inflação norte-americana e pode forçar o Fed a manter os juros do país altos por mais tempo — o que, por sua vez, também poderia fortalecer o dólar e afetar as taxas de juros de outros países pelo mundo.
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PIB da China e inflação nos EUA
Mesmo com as tarifas de Donald Trump, a economia da China cresceu forte no 2° trimestre do ano
Na China, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta segunda-feira mostrou que o país tem conseguido driblar dos efeitos da guerra comercial com os EUA. O indicador subiu 5,2% no segundo trimestre, superando as expectativas dos analistas por pouco.
Analistas consultados pela Reuters previam que o PIB aumentaria 5,1% em relação ao ano anterior, desacelerando em relação ao ritmo de 5,4% do primeiro trimestre.
Mesmo assim, apesar de a China ter evitado até agora uma desaceleração acentuada, os mercados estão preparados para um crescimento mais fraco no segundo semestre, pressionados pela desaceleração das exportações, pela baixa confiança do consumidor e pela persistente crise imobiliária.
Já os Estados Unidos divulgaram hoje os preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês). O índice subiu 0,3% no mês passado, após alta de 0,1% em maio. Esse foi o maior ganho desde janeiro, provavelmente marcando o início de um aumento na inflação induzido por tarifas há muito esperado.
Analistas também disseram à Reuters que a inflação tem demorado a responder às amplas taxas de importação anunciadas por Trump em abril porque as empresas ainda estavam vendendo os estoques acumulados antes da entrada em vigor das tarifas.
Nos 12 meses até junho, o CPI avançou 2,7%, após alta de 2,4% em maio, o que mantém o Federal Reserve cauteloso sobre a retomada de seus cortes nas taxas de juros. Segundo a Reuters, investidores mantiveram suas apostas em um corte de juros pelo Fed em setembro.
Crise do IOF
Governo e Congresso participam de audiência de conciliação sobre IOF
Uma audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF) reuniu nesta terça-feira representantes do governo e do Congresso Nacional para tratar da crise em torno da elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A audiência foi convocada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator de quatro ações sobre o tema no Supremo. Vão participar representantes da Presidência da República, do Senado e da Câmara, além da Procuradoria-Geral da República, Advocacia-Geral da União (AGU) e dos autores dos processos.
🔎 O que aconteceu? No fim de maio, a equipe econômica do governo anunciou o aumento do IOF incidente sobre operações de crédito, principalmente empréstimos e câmbio. No mês seguinte, no entanto, o Congresso Nacional aprovou uma proposta que derrubou o decreto do presidente sobre o tema.
Moraes, então, decidiu suspender todos os decretos relacionados ao IOF e determinar uma audiência de conciliação.
Por um lado, o Palácio do Planalto defende que a questão é de justiça tributária, ao aumentar a taxação dos ricos em benefício da parcela de baixa renda. O Legislativo, porém, informou que não tolera mais aumento de impostos sem que o governo comece a rever gastos.
Notas de dólar
Dado Ruvic/ Reuters